terça-feira, 23 de junho de 2020
Música para morrer de amor
“Música para morrer de amor”, de Rafael Gomes (2019)
Fafá de Belém cantando ‘Apaixonada por você, abandonada por você” dá o tom do filme. Melancolia, amores platônicos, amore desfeitos, desamor e até suicídios embalados pelo mito de Romeu e Julieta.
Há cerca de 5 anos atrás, assisti a peça “Música para cortar os pulsos”, dirigida e escrita por Rafael Gomes e pensei: esse texto daria um belo filme. No mesmo ano, ele foi vencedor Prêmio APCA de Melhor Peça Jovem. Rafael Gomes ainda dirigiu a versão super premiada de “Um bonde chamado desejo” com Maria Luiza Mendonça e DU Moscovis. Pois o próprio Rafael Gomes assumiu a empreitada de dirigir sua peça. A sua estréia na direção de cinema foi com o ótimo “45 dias sem você”, um romance Lgbtqi+ que também flava sobre amores desfeitos e a dor da separação. “Música para morrer de amor” poderia ser uma continuação do filme. Seus personagens são muito próximos.
Mas fui com muita sede ao pote na adaptação cinematográfica, e não pude deixar de notar que os diálogos que no teatro funcionavam tão bem, no cinema soam anti-naturais. “Vocês mal se conheceram e amor já tá rimando com dor né?, ou “Não quero ser personagem, dublê de mim mesmo”. Frases feitas ditas por jovens na faixa dos vinte e tantos anos e músicas de dôr de cotovelo de outras gerações são as preferidas deles.
Ricardo (Victor Mendes) que ama Felipe (Ricardo Horomicz) que ama Isabela (Mayara Constantino) que ama Gabriel (Ícaro Silva). Nessa roda de amores sem mão dupla, os mais velhos não têm vez: a avó de Isabela (Suely Franco) é solitária, a mãe de Felipe (Denise Fraga) é solitária e o namorado de Ricardo leva um pé na bunda provavelmente porque é mais velho e porque Ricardo se apaixonou pela juventude e frescor de Felipe.
O filme tem muitas qualidade: na parte técnica, a bela fotografia que intensifica a solidão da grande São Paulo, figurinos e direção de arte que não brigam e que nem querer roubar a atenção, fluindo com organicidade. Os atores estão bem, e como é bom ver talentos menos conhecidos pela mídia. E fico pensando o quanto que a sequência final, do encontro dos amigs, poderoa ter ficado muito mais linda e emocionante sem a narração em off.
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