segunda-feira, 4 de março de 2019

Deixando Neverland: Michael Jackson e Eu

"Leaving Neverland: Michael Jackson and me", de Dan Reed (2019) Assistir as 4 horas desse documentário não foi uma tarefa fácil. Não pelo conteúdo e nem pelos depoimentos e imagens de arquivo, mas literalmente pelo excesso de duração. É cansativo, é extenuante, é repetitivo. Difícil fazer qualquer tipo de crítica moral ao filme, que como Cinema, é fraco. Ele foi exibido no Festival de Sundance em 2019, mas está sendo revelado ao público através da HBO, que o dividiu em duas partes. O filme é padrão para documentários: depoimentos em formato clássico, imagens de arquivo, e muitos, mas muitos drones sobrevoando Los Angeles, Neverland, e outras cidades. Parece ate ponto de vista da Fada Sininho vendo tudo ali embaixo. Quase todo mundo falou, e eu reitero aqui: como avaliar um filme com conteúdo tão explosivo, que expõe a vida íntima de uma pessoa já morta, e no qual ela mesmo não está ali para se defender? Nenhum familiar, nenhum amigo foi ouvido para ao menos defender a memória de Michael Jackson. Em menos de 4 minutos de um filme de 4 horas, vemos imagens de arquivo de um Procurador dizendo que legalmente as pessoas que acusaram Michael Jackson não poderiam entrar com um processo tantos anos depois, ainda mais quando há anos atrás negaram todas as acusações. Mostram também um fã aparentemente fora de si, como se ele representasse todos os fãs de Michael Jackson no mundo, agressivamente defendendo Michael e comemorando a derrota dos acusadores no processo. O documentário apresenta 2 dos acusadores de Michael Jackson. Wade Robson e Jimmy Safechuck. Wade é australiano, Jimmy é americano. Wade conheceu Michael quando tinha 5 anos de idade e ganhou um Concurso de imitação de seu ídolo em um shopping na Austrália, e como brinde, foi apresentado ao próprio. Jimmy era ator mirim, e foi escolhido para protagonizar um comercial da Pepsi com Michael Jackson. Ambos os garotos foram convidados por Michael para frequentar a sua Neverland, junto de outros meninos. Os testemunhos de Wade e Jimmy era de que MJ os levava para a cama (separados, pois segundo diziam, MJ trocava frequentemente de meninos) dormiam nus, manturbavam-se mutuamente, e praticavam sexo. Tudo isso começou em 1985 e se estendeu até o início dos anos 90, quando Wade e Jimmy cresceram e MJ perdeu o interesse neles, trocando-os por outros garotos, incluindo Macaulay Culkin, astro de “Esqueceram de mim”. Ambos disseram que sentiam ciúmes dos novos meninos de MJ. EM 1993, quando estourou a primeira denúncia de um dos meninos contra MJ, Wade e Jimmy foram ouvidos no tribunal e juraram dizer a verdade: nunca viram MJ fazer nada de errado, nem foram molestados por ele. Wade seguiu carreira como coreógrafo do NSYNC, Britney Spears e outros astros. Jimmy tentou carreira como ator e diretor de cinema, sem muito sucesso. Com a morte de MJ em 2009, as coisas foram mudando de figura: em 2013, Wade e Jimmy resolveram denunciar abusos sexuais contra MJ. Muitos diziam que eles queriam parte do espólio de MJ. As perguntas eram: porquê somente agora denunciaram? Porque mentiram há uma década atrás? Como as mães de ambos não desconfiaram de nada? Etc Etc Wade e Jimmy perderam a sentença, o Juiz alegou que o tempo de denuncia se expirou. Os 2 resolveram procurar o documentarista inglês Dan Reed para expor suas histórias. Dan, além de dirigir, fez a câmera e fotografou. Vale ressaltar que todos os depoimentos, tanto de Wade, de Jimmy, de suas mães, esposas, etc, são de boca para fora, sem qualquer prova. Não estou aqui defendendo nem acusando MJ, até porquê enquanto não houver provas, judicialmente não há o que falar. Só sei que cresci ouvindo MJ e as músicas dele sempre me acompanharam a vida toda. Quando ele morreu em 2009, eu chorei. A grande polêmica dos dias atuais é: é possível separar o Artista da Pessoa? Oprah Winfrey recém entrevistou Wade e Jimmy deixando claro que ela tomou partido pelos dois, e que irá fazer campanha contra abusos sexuais. Está cedo para tirar conclusões, mas certeza de que esse filme ainda terá muito o que falar.

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