"Crimes of the future", de David Cronemberg (2022)
Concorrendo no Festival de Cannes 2022 depois de 8 anos de seu último filme no mesmo festival, com "Um mapa para as estrelas", David Cronemberg retorna ao tema que o fez ser considerado um dos cineastas mais cults e polêmicos do cinema: o body modification, que lhe rendeu alguns de seus filmes mais famosos: "Videodrone", "Existenz", 'Gêmeos", "A mosca", "Scanners", "Rabbid", Shrivers", entre outros.
Num futuro incerto, o corpo humano sofreu mutações: as pessoas não sentem mais dôr, nem pegam infecções. Como consequência, o corpo produz órgãos em forma de tumores. Vários artistas performáticos, como Saul (Viggo Mortensen), se apresentam ao vivo para platéias e têm esses órgãos retirados com cirurgias. Caprice (Lea Seydoux) é a parceira de Saul, ex-cirurgiã e que performa com ele a retirada dos órgãos. Essa ação chama a atenção de dois enigmáticos cientistas, um deles interpretados por Kristen Stewart. Paralelo, uma estranha organização produz barras de plástico para serem consumidos por pessoas que se alimentam de material sintético e que seria a próxima fase da evolução humana.
Confesso que fiquei confuso com o roteiro e que muitas coisas pareciam sem lógica. São muitos personagens, alguns não muito claros. Mas quem conhece o trabalho de Cronemberg sabe que muito de seus filmes se devem ao aspecto visual e às imagens polêmicas e chocantes. Aqui tudo fica com um sabor de deja vu, já vistos em todos os filmes citados. Os atores se entregam de corpo e alma à proposta bizarra do roteiro. As cenas de autópsias e cirurgias provocaram debandadas de platéia nos cinemas, mas nada que Cronemberg já não tenha apresentado há mais de 30 anos atrás. E pegando o gancho do mote do filme, de que a cirurgia é a nova forma de sexo, "Crimes do futuro" é mais uma provocação do que necessariamente chocante.
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