terça-feira, 29 de outubro de 2019
O assassino
"Der totmacher", de Romuald Karmakar (1996)
Denso drama alemão que retrata as últimas seis semanas de vida de Friedrich Heinrich, também conhecido como o Vampiro de Hanover, um famoso psicopata alemão, executado por causa do assassinato provado de 27 garotos alemães.
Sua história inspirou Fritz Lang na sua obra-prima "M, o vampiro de Dusseldorf". Totalmente ambientado em um único cenário, o filme acompanha os relatos do Dr Ernst Schultze
(Jürgen Hentsch), psicólogo que durante 6 semanas entrevistou Friedrich (Götz George) para poder provar que ele era são e assim, ser condenado à morte por decapitação. O filme se compõe de apenas 4 atores: além dos dois citados, tem um escrivão e uma vítima que sobreviveu ao ataque de Friedrich.
O filme venceu o prêmio de melhor ator para Götz George no Festival de Veneza 1996. A sua composição para o assassino é mostruosa: alternando personas distintas, que vai do ingênuo ao meticuloso e pragmático, passando pelo frio e calculista assassino, descrevendo com requintes de crueldade como mutilava as suas vítimas e como as estuprava. É possível, apenas com a sua narração, imaginar as imagens brutais dos crimes. Os outros atores também estão brilhantes, e impressiona Pierre Franckh no papel d escrivão, que não diz uma palavra mas reage com minimalismo a todas as intenções das falas dos outros personagens, algo semelhante à secretária de Petra Von Kant na obra-prima de Fassbinder, que do início ao fim do filme não diz uma palavra.
aA Alemanha indicou em 1996 o filme para uma vaga ao Oscar de filme estrangeira. É uma encenação ousada para ser exibida em cinema: rodado em um ambiente claustrofóbico, com apenas 4 personagens, totalmente verborrágico. O filme talvez funcionasse melhor em um palco, e aqui fica a dica para atores que buscam texto para montar no teatro.
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