domingo, 7 de janeiro de 2018

Salto no vazio

"Salto no vazio", de Cavi Borges e Patrícia Niedermeier (2017) O Cineasta Cavi Borges é o mais prolífico realizador do Cinema independente brasileiro. Ele escreve, dirige, fotografa e ainda produz tantos os seus filmes, quanto os filmes de Cineastas-chaves do Cinema autoral: Luiz Rosemberg Filho, Luiz Carlos Lacerda, Sergio Ricardo, entre outros. No final de 2013, Cavi conheceu a atriz e bailarina Patrícia Niedermeier durante o Festival de Cinema do Rio e a parceria aconteceu em todos os níveis: pessoais e artísticos. A partir de então, Patricia protagonizou alguns dos longas do Cineasta Luiz Rosemberg Filho, entre eles, "Dois casamentos" e "Guerra do Paraguay", ambos com excelente crítica e receptividade em Festivais no Brasil e no mundo. Em 2014, Patricia dirigiu sua primeira experiência no cinema: o curta "Beijo azul", cuja inspiração veio do artista plástico francês Ives Klein, que criou um tom de azul chamado IKB (Internacional Klein Blu). O filme apresenta um longo beijo ininterrupto de Cavi e Patricia contra o mar, adornados pelo azul IKB. Esse curta foi o ponta pé inicial para a realização desse belíssimo Longa-ensaio "Salto no vazio", finalizado em 2017. "Salto no vazio" é um filme-ensaio que de imediato me remeteu a filmes clássicos do Cinema que utilizaram o ecrán como porta-voz de suas reflexões acerca do Artista: "La jeteé", de Chris Marker, "Nossa música" e "Adeus `a linguagem", de Godard, "Hiroshima, mon amour", de Alain Resnais. Cavi e Patricia viajaram para vários países por conta dos Festivais de Cinema, e nessa peregrinação, filmaram vários videos-ensaios de Patricia fazendo performances de dança, uma de suas grandes paixões, porém se apropriando de uma linguagem cinematográfica para dar dimensão a suas inquietações. O roteiro de "Salto no vazio" une esses vídeos a um registro ficcional/documental a respeito de um casal ( ela atriz e bailarina, ele fotógrafo de guerra) que se conhecem no Festival de Cannes em 2014 e a partir daí, se encontram pelo mundo (algo semelhante ao recente " Love film Festival", porém, com um olhar mais Cinéfilo e experimental). Em linda narração, a Atriz (Patricia) expõe em carne viva seus anseios, seu amor pelo fotógrafo, seu desejo por um mundo melhor e mais justo. Ela usa como metáfora a cartografia ( o filme apresenta vários Mapas) e assim, ela traça o seu mapa pessoal, emotivo, que a conduzirá para vários caminhos ( do amor, da Arte) e por fim, para um abismo existencial, em antológica cena que fecha o filme ( a Atriz se jogando de um precipício com fundo azul IKB). O personagem do fotógrafo é narrado com precisão pelo ator Alexandre Varella (as fotos foram cedidas pelo espanhol Mano Brabo). Vamos torcer para que o filme seja exibido nos Festivais e no circuito ( o caminho da distribuição do filme independente no Brasil é uma grande tragédia) e assim, poder ser apreciado pelo público, que não pode ficar de fora dessa viagem emocional pela alma e pelo coração de 2 amantes do Cinema.

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