quarta-feira, 27 de junho de 2018

A passagem do cometa

"A passagem do cometa", de Juliana Rojas (2017) Curta que competiu no Festival de Brasília, "A passagem do cometa" é um filme essencialmente feminino, tanto dentro quanto fora das telas. Juliana Rojas, que co-dirigiu "Trabalhar cansa"e "As boas maneiras", e realizou "A sinfonia da Necrópole", escreveu e dirigiu um drama intenso sobre personagens femininas que transitam em uma Clínica de aborto clandestino em São Paulo no ano de 1986, exatamente na noite da passagem do Cometa Halley, que atravessa o Universo a cada 75 anos. Todas as personagens são femininas: a atendente, a médica (Gilda Nomacce, brilhante), a paciente a a acompanhante. O filme é dirigido com muita delicadeza, sutileza, e Juliana Rojas procura mostrar essa relação de mulheres de uma forma muito amorosa e amigável. a clínica não se parece em nada com o que estamos habituados a ver nos filmes. Aqui, ela é limpa, bem arrumada, os profissionais são educados e extremamente carinhosos com os terapeutas. Parece que Juliana quiz falar sobre o aborto de hoje em dia, um sonho possível dentro de uma sociedade repressora. Para isso, ela se faz valer de um momento lúdico, de animação e musical, remetendo ao seu filme "A sinfonia da necrópole". As atrizes estão todas muito bem no filme. Em "A passagem do cometa", tudo é apresentado de forma naturalista, sem grandes acontecimentos. Um fragmento de vidas entre quatro paredes, que assim como o Halley, esperam uma oportunidade para metaforicamente ganhar mundo e os céus.

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