"Horror noire: ua history of black horror", de Xavier Burgin (2020)
Documentário que adapta o livro "Horror noire: a representação negra no cinema de terror", escrito pela Dra. Robin R. Means Coleman. O filme procura passar em 90 minutos toda a trajetória da representatividade negra na frente e atrás das câmeras dentro do cinema de gênero, e como essa representatividade acabou se tornado uma metáfora e simbolismo da situação do negro dentro da comunidade, perpassando por racismo e conflitos sociais.
Eu já conhecia o termo "Magical negroe" que o cineasta Spike Lee alcunhou nos filmes onde o personagem negro existe para ajudar o branco para resolver seus problemas. Mas no documentário aprendi que existe também o "Sobrenatural negroe", que é o personagem negro que dôa a sua vida para salvar o branco.E se pensarmos nos filmes de terror principalmente dos anos 80 e 90, isso era bem comum: os negros eram os primeiros que morriam ou então ficavam até o final para morrer e salvar o protagonista branco.
O filme é dividido entre depoimentos de atores, roteiristas e cineastas negrxs, e cenas de filmes que vão do início do século XX até os filmes de Jordan Peele. O próprio Jordan Peele, atores e atrizes de filmes icônicos como Tony Todd, protagonista de "Candyman", cineastas como Tina Mabry e Meosha Beando dão depoimentos sobre a presença do negro nas telas, a representatividade da mulher negra nos anos 70, 80 e 90 apelando para a sua sexualidade e objetificação.
O primeiro filme a ser citado é "O nascimento de uma nação", de Griffith, que pelos cineastas negrxs, é um filme de terror ao represnetar um negro sendo interpretado por um ator branco, o famoso Blackface. Ele é um estuprador que quer agarrar a heroína branca, e a Klu Klux Klan é vista como heróis para punir o negro.
Nas primeiras décadas do século XX, o negro era visto em papéis menores, como serventes, vodus, feiticeiros ou alívio cômico. " Anoite dos mortos vivos", de George Romero, é visto como uma pedra fundamental na presença do negro na cena: ele é o herói. Filmes como esse representavam a tirania de policiais brancos que matavam negros. Nos anos 70, surgiram os filmes Blackexploitation, dirigidos e protagonizados por negrxs, mas que aos poucos, também faziam uma imagem ruim da própria comunidade, objetificando as mulheres e tornando os homes como cafetões ou bandidos. Surgiu o terror "Blacula", o dracula negro, que também se tornou icônico. Nos anos 80, os negros serviam para serem mortos em cena nos filmes de terror. É citado o exemplo de "O iluminado", de Kubrick: no livro, o personagem negro não morre, ao contrário do filme.
Wes Craven é citado como um diretor banco que procurou trazer a representatividade negra em seus filmes, e chamou atenção ao colocar um menino negro para protagonizar "The people under the wall". Depois 'Candyman", de 1992, foi outro marco, ao trazer um vilão negro sobrenatural, mas com m histórico de racismo no passado. Mas para a comunidade, ele é comparado a filmes como "King Kong': o negro tem a mulher branca e loira como objeto de desejo.
Foi com o governo de Obama que muita coisa mudou no cinema de terror: os protagonistas se tornaram negrxs, e as histórias traziam metáforas das condições sociais e crimes de racismo, tendo "Corra!"como marco fundamental e Jordan Peele o cineasta que representa a causa negra.
O filme foi a produção de abertura do Festival Cinefantasy 2021.
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