terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Caçando fantasmas

"Ghost hunting", de Raed Andoni (2023) "Aos 750 mil palestinos que já estiveram em prisões de Israel e centros de interrogatórios desde 1967". Essa é a dedicatória do palestino Abdallah Moubarak, que interpreta um dos personagens nesse documentário polêmico e premiado no Fetsival de Berlim. O filme me lembrou bastante "Salve o cinema!", de Mohsen Makhmalbaf: um cineasta, Raed Andoni, coloca um anúncio em um jornal de Ramallah. Ele está procura por ex-detentos do centro de interrogatório israelense Moskobiya. No anúncio, ele solicita que os homens também tenham experiência como artesãos, arquitetos ou atores. Após um processo de seleção que mais parece um jogo de interpretação, ele organiza a construção de uma réplica das salas de interrogatório e celas do centro. O próprio Raed Andoni esteve preso quando tinha 19 anos de idade, e baseia muito o filme em suas proprias experiências. Durante a triagem dos entrevistados, ele selciona alguns para serem os detentos, e outros, para interpretarem os guardas israelenses. A partir daí, oss ex-detentos revivem os seus traumas e suas histórias. O que provocou a pol6emica do filme foi a forma como o cineasta vai levando as situações, ao querer recriar inclusive as torturas físicas e psicológicas dos detentos reais. em uma cena, um dos detentos urina nas calças enquanto é torturado, e os guardas usam seu corpo para limpar a urina do chão. Essa e outras cenas de humilhação trazem à tona uma técnica usada em métodos de interpretação: Stanislawasky , por exemplo, onde a vivência e a memória são utilizados para darem a verdade da cena. Mas muita gente critiocu a forma como o filme apresenta as torturas, todas sendo recriadas de forma real. Um filme que merece ser visto por atores e debatidos em um contexto sobre arte X violência e abuso moral e de poder dos diretores e preparadores de elenco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário