domingo, 14 de julho de 2019
Um crime de ódio americano
"An american hate crime", de Ian Liberatore (2018)
Longa metragem de estréia de Ian Liberatore, que escreveu, produziu e dirigiu esse drama LGBTQ+ com um orçamento de apenas U$ 13 mil dólares e 7 dias de filmagem. Se baseando em fatos reais, o filme é um brutal relato de homofobia ocorrido em Filadélfia. O filme também faz uma séria crítica aos aplicativos de pegação gays, onde as pessoas anonimamente marcam encontros em lugares ermos e como em vários casos citados nos créditos finais, acabam sendo assassinados por grupos homofóbicos.
Ian se formou em cinema no Art Institute of Philadelphia e convidou estudantes para fazerem parte da equipe técnica. O roteiro se apropria da estrutura usada por Gus Van Sant em "Elefante"; uma mesma história vista por 2 pontos de vista diferentes: a do agressor e a da vítima. Dividido em 3 capítulos, na Parte 1 somos apresentados a Jake, um rapaz que mora com o seu pai e que tem problemas de socialização, botando culpa na comunidade LGBTQ+ por todos os seus problemas. Ele é seduzido por um grupo de colegas homofóbicos a marcarem encontros com gays em aplicativos e depois darem surra nas vítimas.Na Parte 2, somos apresentados a Noah, um garoto de 13 anos, que tem problemas em aceitar a sua homossexualidade. ele acaba se cadastrando no aplicativo e marca encontro com uma pessoa, sem imaginar que o perfil é do grupo homofóbico. Na parte , vemos a conclusão desse crime e também, um plot twist.
O título do filme pega emprestado da premiada série de Ryan Murphy "American crime story", Por ter sido produzido por tão pouco dinheiro, o filme acaba sofrendo problemas em quesitos técnicos. O elenco também varia bastante, com bons atores mesclados a amadores. Do elenco, quem mais impressiona é Dylan Hartman, no complexo papel de Noah. Mas as intenções do filme são realmente boas, e mesmo que a Parte 3 do filme enfraqueça todo o projeto, vale a pena assistir e refletir sobre o caminho que as relações homoafetivas estão tomando através dos aplicativos, que "desumanizam" o afeto.
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