quarta-feira, 28 de maio de 2014

The normal heart

"The normal heart", de Ryan Murphy (2014) Produtor de diversas séries de sucesso na televisão, entre elas "Glee", "Nip Tuck", "American horror story", além de ter dirigido o longa "Comer rezar amar", Ryan Murphy atinge seu ápice como Diretor aqui nesse telefilme produzido pela HBO. Baseando-se em fatos reais, e tendo como matéria prima a peça teatral "The normal heart", de Larry Kramer, encenada em 1985 ( ainda no calor da devastação da epidemia), o filme narra a história de Ned (Mark Ruffalo), um diretor de uma Ong voltada para a saúde da comunidade gay, que luta contra o Governo e contra todos que o rodeiam para que abram seus olhos para o surgimento de uma nova doença, um vírus misteriosos, chamado pela mídia de "câncer gay". O Governo americano ignora o fato de que milhares de gays estão morrendo e não dedicam investimento para a descoberta de uma cura, justamente por ter apenas gays como vítimas. Ned ganha apoio da médica Dra Emma (Julia Roberts) , que atende casos de pacientes com essa doença e que também luta contra o Governo. Ryan Murphy, além de se valer de um roteiro brilhante, presenteia todo o seu imenso e formidável elenco com cenas antológicas. Cada um dos protagonistas possui pelo menos uma cena de grande impacto de seu personagem, como se fossem monólogos. Intensos, é lindo de ver atores que em boa parte ainda não haviam encontrado papéis tão dramáticos e que pudessem provar para o mundo que sim, eles são atores, além de rostinhos bonitos e que podem ganhar elogios da crítica e público. Esse é o grande dom do cinema e tv americanos, que enxergam em atores de comédia e filmes de ação um potencial também para papéís dramáticos. Dois exemplos são Jim Parsons ( de "The big bang theory") e Taylor Kitsch ( "John Carter"). Ambos estão irreconhecíveis. O personagem de Jim, importante para costurar o filme com o seu porta-arquivo com fichas que possuem nomes de pacientes com o vírus e que vai fazendo a passagem de tempo através dele. Matt Boomer também é um exemplo de galã que se entregou para o personagem do repórter que contrai o vírus. Matt emagreceu 18 kilos para o personagem, e a sua cena de discussão com ele e seu namorado Ned no final é muito foda. Mark Ruffalo e Julia Roberts engrandecem o projeto com suas performances viscerais, é muita cena poderosa de ambos os personagens. O filme encontra paralelo com "E a vida continua", "Angels in America"e "Dallas Buyers club". Em todos esses filmes, vemos a luta de cientistas, médicos e pessoas comuns contra o surgimento do vírus ainda desconhecido. São filmes que falam do impacto do câncer gay na sociedade e a cegueira do Governo em admitir a existência do vírus. Todas aquelas imagens fortes da época estão de volta: pessoas de aspecto cadavérico, Sarcomas de karposi, diarréias, etc. Ousado, forte, emotivo, e com uma frase que guardarei na memória: "Você precisa lutar por quem você ama". A trilha sonora, recheada de pérolas pop dos anos 80 ( o filme vai de 81 a 84) e a reconstituição de época merecem palmas. Nota: 8

Um comentário:

  1. "The Normal Heart"(EUA,dir.Ryan Murphy, 2014), que acabo de assistir,um filme sobre a gênese da AIDS/HIV na Nova Iorque dos anos 1980 é uma das experiências estéticas mais contundentes que tive em minha vida.

    Baseado numa peça teatral escrita por Larry Kramer em1985, nos narra as lutas políticas sobre o então "câncer gay". Os regimes de verdade produzidos sobre a epidemia; as dificuldades da comunidade gay em abdicar de sua liberdade sexual tão duramente construída, em prol da contenção da doença; a negligência do poder público diante da questão proposta pelas lideranças gays protagonistas do filme.

    É preciso sublinhar que "naquele momento histórico, silêncio, armário e vergonha significavam morte", lembra o diretor, a partir das conversas que teve com o roteirista Larry Kramer, que fez a obra com tons assumidamente biográficos.A atuação do Comitê da Crise da Saúde dos Homens Gays, fruto dos movimentos sociais pelos direitos civis homossexuais estadunidenses na década de 1980.

    "Os tempos mudaram, mas a discussão sobre a epidemia global da Aids é ainda tão importante e contemporânea quanto o debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a luta por termos, todos nós, o direito de sermos amados e aceitos como cidadãos, independentemente da afetividade sexual. A História provou que Larry estava certo. De herético, ele se transformou em um dos heróis do movimento pelos direitos civis dos gays nos EUA", nos diz Murphy."

    "The Normal Heart" é uma sequência de imagens sobre a vida, a morte, a vulnerabilidade, o governo e os governamentos dos corpos, da saúde coletiva ... mas também dos silêncios, dos "armários" que sujeitam, das lutas dos movimentos sociais e as tensões dentro dos próprios grupos societários com "identidade" de gênero e de orientação sexual... não bastasse tudo isso, é uma bela narrativa sobre o amor que OUSA dizer seu nome, fazendo um trocadilho com a célebre citação de Oscar Wilde.

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