segunda-feira, 19 de maio de 2014
Matadouro Cinco
"Slaughterhouse-Five", de George Roy Hill (1972)
Esse clássico cult é de 1972 e há muito tempo eu quiz vê-lo, mas somente agora o consegui. Baseado na obra do escritor americano Kurt Vonnegut, o filme ganhou merecidamente o Grande Prêmio do Juri em Cannes 72. É um filme que definitivamente reinventou a linguagem cinematográfica na época, e inclusive a sua montagem, mesmo pros padrões de hoje em dia, é ousadíssima. Misturando época e a ordem cronológica, o filme é um inteligente e hermético exercício de desprendimento de construção narrativa. É como se George Roy Hill dissesse ao editor: "esqueca tudo o que você entende de montagem e faça como eu quero".
É um filme muito complexo em sua lógica, e tentar entendê-lo é um grande desafio. Basicamente, o filme narra a história de Billy Pilgrim, um soldado que nao quer lutar na 2a Guerra porquê não quer matar ninguém. Ele é um assistente de um Capelão. Porém, junto com outros soldados americanos, é feito prisioneiro pelos soldados alemães e levados até a cidade de Dresden, na Alemanha. Eles são confinados no Matadouro 5 ( daí o título do filme) e presenciam o bombardeio da cidade pelos aliados, com um total de mais de 100 mil mortos. Pilgrim é levado de volta para os estados Unidos, onde se casa com uma mulher, filha de um empresário do ramo de óculos. A mulher dele morre após tentar descobrir o paradeiro do corpo de Pilgrim, que sofrera um acidente de avião. Muitas cosias acontecem até que Pilgrim é abduzido por alienigenas que o levam até o Planeta Tralfamadore, onde ele é obrigado a se acasalar com uma atriz pornô também abduzida.
Como se vê, a história realmente não é nada convencional. O próprio autor do livro, Kurt Vonnegut, faz de Pilgrim o seu alter-ego, uma vez que ele próprio testemunhou o bombardeio em Dresden. Ele escreveu esse livro como uma forma de exorcizar sus fantasmas de guerra.
O filme foi rodado em Praga e nos Eua e as locações são muito bonitas. A direção de Roy Hill, autor de "Butch Cassidy e Sundance Kid" e do igualmente bizarro "O mundo segundo Garp", faz aqui um brilhante exercício de estilo e de edição. Fico imaginando o quanto a platéia da época deva ter desprezado esse filme. Fosse um filme de um Cineasta europeu, como Godard e Truffaut, hoje em dia seria considerado uma obra-prima.
Um filme realmente ousado pros padrões da época, e que vale a pena ser descoberto. Não perdeu nada com o tempo. ( Afora a questão maquiagem e efeitos especiais)
Nota: 7
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