sábado, 31 de maio de 2014
Corte
"Cut", de Amir Naderi (2011)
"O cinema não é uma prostituta. O cinema é arte". Com essas palavras de ordem o protagonista Shuji prega a vida eterna ao cinema autoral e declara a sua guerra aos cinema meramente de entretenimento.
O Cineasta iraniano Amir Naderi, radicado nos Estados Unidos, realiza aqui o seu testamento de paixão pelo Cinema. Mais uma vez, o Japão é o país escolhido por um cineasta iraniano para construir a sua narrativa ( Abbas Kiarostami filmou "Um alguém apaixonado"). O protagonista Shuji é um cineasta independente e cinéfilo. Ele realiza sessões ao ar livre de clássicos do cinema. Um dia, um mafioso da yakuza o procura, dizendo que mataram o irmão de Shuji. O motivo: empréstimos feitos pelo irmão de Shuji para poder bancar os filmes do irmão, mas que ele não consegui saldar as dívidas. Shuji é obrigado a pagar as dívidas para não morrer também. Se sentindo culpado, a única possibilidade dele poder pagar a dívida é se deixando ser um saco de pancadas. A cada soco desferido, ele ganha um dinheiro. Essa sessão de tortura deve ser realizado no banheiro onde o sue irmão foi morto, a pedido de Shuji, uma forma de expiar sua culpa.
O Cineasta Amir Naderi se utiliza da violência dos filmes japoneses para poder fazer a sua matáfora sobre a morte do Cinema de autor. A parte final é brilhante: após 11 dias consecutivos de porradaria, chega o último dia. Shuji deve levar 100 socos para saldar as dividas. Para resistir aos socos, Shuji conta 100 filmes obrigatórios, e cada lembrança desses filmes o faz ter forças para resistir. A partir daí, surgem 100 nomes de filmes clássicos, entre eles "Pixote"e "O dragão da maldade contra o santo guerreiro".
É um filme radical, bruto e ao mesmo tempo um alerta sobre o fim de uma era do romantismo pela paixão do cinema de autor. Como cinéfilo,me vi no lugar de Shuji. Mas diferente dele, penso que o filme de entretenimento também tem o seu valor.
Nota: 7
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