segunda-feira, 26 de maio de 2014

Histórias que contamos- Minha família

"Stories we tell", de Sarah Polley (2012) A atriz canadense ficou conhecida do grande público pelos filmes "Amanhecer dos mortos" e Mr Nobody". Mas foi como Cineasta que ela ganhou respeito da crítica. Ao dirigir o drama "Longe dela", com Julie Christie, Polley provou ser mais do que uma atriz. Agora, com esse documentário "Stories we tell", ela comprova o seu talento atrás das câmeras. O filme tem muito da construção narrativa de "Jogo de cena", de Eduardo Coutinho. Misturando atores e pessoas reais, sem sabermos quem é quem, Polley junta peças para elucidar um fato marcante de sua vida: será que seu pai é realmente seu pai? Assim, ela chama todos os familiares e pessoas próximas à sua falecida mãe para desvendar esse mistério: irmãos, pai, tios, amigos de sua mãe. Diane Polley foi uma atriz canadense do início dos anos 70. Atriz de teatro, ela ea casada com George e tinha 4 filhos. Ao fazer uma peça com um ator, Michael, ela acaba se apaixonado por ele e resolve abandonar seu marido, que acaba proibindo ela de ver os outros filhos. Diane engravida, quer abortar mas acaba desistindo após pedidos de Michael. Desse não-aborto, nasce Sarah Polley. Mas ao longo da narrativa acabamos ficando em dúvidas sobre o comportamento de sua mãe, que esbanjava alegria e curtia viver, se realmente Sarah seria filha de Michael ou de outro ator da mesma peça. A premissa interessantíssima do filme é que cada pessoa tem a sua memória afetiva e revela dados diferentes d outra pessoa, pelo simples fato de aguardarmos aquilo que nos interessa, uma espécie de edição. Todos os entrevistados são confrontados a responder a mesma pergunta e daí vemos a diversidade de opiniões. Misturando entrevista, filme de arquivo pessoal da família e outras imagens, Polley nos desafia através das imagens e das entrevistas a pensar: O que é real e o que não é? O filme é todo narrado pelo pai "biológico" de Sarah, Michael, de uma forma brilhante. Como ele foi ator, ele tem uma brilhante narração e ele mesmo escreveu o texto em off, que revela os bastidores da vida de Diane, mulher que ele tanto amou e que ele descobre ter uma vida sexualmente mais ativa do que ele esperava, inclusive com traições. Um documentário que é quase que uma aula de cinema, mesclando emoções reais e linguagem inovadora e inteligente. O porém a é a duração do filme, quase duas horas, chega uma hora que já dá uma barriga boa, mas recupera o ritmo mais lá pro final.

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