sábado, 15 de setembro de 2018

Mandy

"Mandy", de Panos Cosmatos (2018) O que seria do atual cinema independente e dos seriados de tv, sem a referência dos anos 80, a década mais pop de todas? Filmes cults da época, como "Mad Max", "Hellraiser", "O massacre da serra elétrica", "Demons, os filhos das trevas" servem de base para essa fantasia de horror psicodélico de Panos Cosmatos. Para quem assistiu o seu filme anterior, "Além do arco íris negro", sabe do que estou falando. Ali, ele já experimentava as cores fortes e hiperrealistas, as referências metafísicas e sensoriais de Jodorowsky, David Lynch e Tarkovsky, sempre emerso em uma atmosfera de pesadelo. "Mandy", exibido com louvor e palmas em Sundance e Cannes, não poderia existir, se não fosse a contribuição de Nicholas Cage e do compositor islandês Johan Johannsson, recém falecido em 2018, e que compôs as trilhas primorosas de "Sicario" e 'A chegada", Nicholas Cage, que ultimamente virou meme por conta de tantos filmes ruins que fez em sua carreira, e de suas caras e bocas, aqui exercita todo aquele olhar e sorriso malígno que ele adora fazer. E a gente ama! Ele está perfeito no papel do marido que resolve se vingar, e cada movimento seu é celebrado com êxtase pelo espectador. Johan Johannsson criou uma trilha estranha, repleta de ruídos assustadores e que possibilitam o espectador entrar na atmosfera onírica maldita do filme. A melhor definição para o filme, veio de um crítico americano: "Mandy" parece aquelas capas de Lp das bandas de Heavy Metal dos anos 80 e que criaram vida". Red (Cage) e Mandy ( Andrea Riseborough, ótima) moram em uma cabana isolada na floresta. Eles formam um casal apaixonado: trabalham, e de noite assistem filmes juntos em casa. Ele é lenhador, ela trabalha em uma loja de conveniências. Mandy tem apreço por literatura barata de livros de fantasia e terror, e tem pesadelos constantes. Um dia, ao ir a pé para o trabalho, Mandy cruza com uma van, onde se encontram toda a gangue de Jeremiah, um líder de uma seita chamada "Black skulls" e que conjuram uma gangue de demônios motoqueiros toda noite. Jeremiah resolve sequestrar Mandy e Red, com a finalidade de que Mandy seja uma integrante do grupo. Diante de sua recusa, ele a mata cruelmente. Red consegue se soltar, e agora tudo o que ele quer, é vingança. O roteiro em si, é repleto de clichês, e é o que menos interessa. O que conta aqui no filme, e a atmosfera, a fotografia, a ousadia e criatividade de Panos Cosmatos de fazer o filme que ele quiz, sem concessões. O espectador fica o tempo todo falando para si mesmo : É sério isso"? Muitas cenas antológicas: uma luta diante de uma tv que está exibindo um filme de sexo explícito, uma outra luta de serra elétrica, e definitivamente, a cena de Red entrando em um banheiro, alucinado, tomando uma vodka. Ah, e o que dizer dele cheirando pó? Cult dos cults, um filme para cinéfilos amantes de terror e alucinação, uma pena que seja dificil agradar ao público médio, pelo ritmo lento da primeira parte, mais metafísica e existencialista.

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