sábado, 4 de novembro de 2017

O animal cordial

"O animal cordial", de Gabriela Amaral Almeida (2017) Escrito e dirigido por Gabriela Amaral Almeida, " O animal cordial" é um raro filme de gênero brasileiro que abraça o Filme B repleto de sangue e violência gore. O filme homenageia toda aquela linha de filmes obscuros que fizeram a alegria dos marmanjos sedentos por filmes sádicos de Wes Craven, Lucio Fulcci e outros que tinham prazer de matar seus personagens com requintes de violência. Lembram de "Quadrilha de sádicos", "Feliz aniversário macabro"? Nessa produção da RT Features, vencedor dos Troféus Redentor de Melhor Ator (Murilo Benicio) e Melhor Atriz (Luciana Paes) do Festival do rio 2017, Gabriela Amaral propõe uma metáfora da sociedade brasileira, repleta de machismo, homofobia, racismo, corrupção, luta de classes sociais e escravidão. Tudo isso está encrustado na aparente paz e sossego das personagens que habitam o restaurante de Inácio (Benício): a garçonete Sara (Paes), o casal de clientes ricos Veronica (Camila Morgado) e Bruno, um advogado vivido por Jiddu Pinheiro. Temos também um cliente que é um policial á paisana (Ernani Moraes), um cozinheiro homossexual (Irandhir Santos) e por fim, uma dupla de assaltantes, um nordestino (Ariclenes Barroso) e um playboy (Humberto Carrão). Os personagens enfrentam seu dia de fúria e saem distribuindo tiros, facadas e navalhadas, tudo embalado por uma trilha sonora que evoca todos os sintetizadores dos filmes dos anos 70 e 80, além de reminiscência de trilhas de Kubrick e John Carpenter. O filme é uma fantasia, tem gente que leva a sério, e tem gente que acredita estar diante de uma enorme alegoria sócio-economica e política brasileira. De fato, não é um filme que irá agradar a todo mundo, mas há de convir que Gabriela foi corajosa em convencer um elenco renomado a encarar essa sangria bestial, e mais, desnudar Luciana Paes de uma forma que nem Neville D' almeida teria coragem em seus filmes clássicos. Em tempos de caretice e censura, é muita coisa.

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