sábado, 11 de novembro de 2017

Na via láctea

"On the Milky Road ", de Emir Kusturika (2016) Nove anos após seu último longa, "Promessas", lançado em 2007, O cineasta iuguslavo Emir Kusturika, duas vezes premiado com a Palma de Ouro em Cannes, lança "Na via láctea", exibido em Competição no Festival de Veneza 2016. O filme saiu com um Premio especial, e o resultado dividiu a crítica. Como sempre, Kusturika se apropria da alegoria e das metáforas para falar de seu Pais que por anos, sofreu as consequências da Guerra dos Bálcãs. Talvez aqui, seja onde ele mais fez uso da fantasia e do nonsense, se apropriando de animais repletos de ação, casais que flutuam no ar, galinhas neuróticas que se olham no espelho, gansos que se banham em sangue para atrair insetos e outras bizarrices. Para os mais cinéfilos, é aqui que Kusturika mais se aproxima do cinema do chileno Jodorowsky e do francês Michel Gondry, que não escondem a sua influencia no surrealismo e no onírico para transformar cenas dramáticas e trágicas em mero lirismo e poesia. O filme é muito bonito e mágico, como se fosse tudo um grande sonho colorido mesclado a pesadelos violentos. Morte e Amor, sexo e tragédia caminham de mãos dadas durante o filme. Kusturika interpreta o protagonista Kosta, um leiteiro que cruza a fronteira durante a Guerra dos Balcãs nos anos 90 para entregar leite aos soldados. Cavalgando com sua jula e tendo companheiros um falcão e seu guarda chuva, Kosta está prestes a se casar com uma mulher na região. No entanto, ele acaba conhecendo a noiva de seu cunhado. Ela (Monica Bellucci) possui um passado trágico, assim como Kosta. Ambos se apaixonam, e fogem, mas são perseguidos por soldados. Repleto de efeitos especiais ( a bem da verdade, bem toscos), o filme chama a atenção pelo uso de uma variedade enorme de animais de cena, o que me fez pensar sobre a dificuldade de filmar os animais. Fora isso, Kusturika investiu bastante em cenas musicadas e cenas de guerra. Monica como sempre belíssima em cena, e Kusturika também não faz feio (impressiona sua semelhança com o ator americano John C. Reilly). Mas o que atrapalha essa viagem lisérgica épica é a sua longa duração, 125 minutos. Do meio em diante, o filme se resume `a perseguição dos soldados contra o casal, e ai o filme perde o ritmo e o fôlego. 20 minutos a menos, por favor...

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