segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
O buraco na cerca
"El hoyo en la cerca", de Joaquin del Paso (2021)
Há tempos eu não ficava com tanta raiva de um filme. Não por ele ser ruim, pelo contrário, os jovens atores, sem nenhum trabalho de atuação prévio, são excelentes. A fotografia, a montagem que cria uma atmosfera insuportável de tensão. Mas o que me deixou irritado foi certamente o roteiro, que possui um dos desfechos mais repulsivos e odiosos que vi recentemente. Se você juntar Lars Von triers, Michael Haneke e Michel Franco no mesmo saco, talvez não tivessem coragem de usar crianças como obejtos de suas mensagens moraius e sociais perante uma sociedade doentia.
O filme acontece em um acampamento de férias, lugar icônico em filmes de terror, onde costumam acontecer massacres: é uma instituição conhecida como Centro Escolar Los Pinos, uma escola religiosa frequentada por filhos das elites do país. Isolada, próxima a um vilarejo pobre habitado por indígenas. É o lugar que ajuda seus participantes a se aproximarem de Deus e ajuda a transformar meninos em homens. É cercado e isolado e os meninos são informados de que estão sempre sendo vigiados. Os guardiões do acampamento são formados por padres e professores rígidos na educação, ávidos em procurar entre os alunos, os mais fracos. Segundo eles, os fortes sobrevivem. Quando um buraco é encontrado na cerca do perímetro, a histeria se espalha por todo o acampamento. Os meninos entendem que algo os espreita, e precisam estar sempre atentos.
Misgonia, homofobia, racismo, classismo, além de abuso sexual, estupro, abuso de auotirdade. O filme é um aglomerado de tudo isso, e muito mais. Não indicaria o filme a ninguém para assistir, pois certamente não é um filme fácil. É doentio, e por mais que o roteirista e diretor Joaquin del Paso quizesse com o roteiro fazer crítica à elite e a sociedade dominada por brancos e poderosos, as imagens são muito agressivas e repulsivas.
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