terça-feira, 6 de dezembro de 2022
Os dragões
"Os dragões", de Gustavo Spolidoro. O cineasta gaúcho Gustavo Spolidoro chamou a atenção da crítica e dos Festivais com o seu filme de estréia "Ainda orangotangos", realizado em um plano-sequência. Dono de uma linguagem que transita entre o experimental e busca por novas narrativas, agora Spolidoro se apega ao cinema fantástico e juvenil para narrar uma trama de coming of age. Spolidoro adaptou vários contos escritos por Murilo Rubião e o transformou em 'Os dragões": um grupo de 5 amigos adolescentes que vive numa pequena comunidade do interior do Rio Grande do Sul, Monte Vêneto. Vistos como diferentes pelos outros jovens e moradores da cidade, os amigos frequentam uma escola de teatro local, onde igualmente sofrem bullying. Os cinco começam a sentir mudanças físicas drásticas, como o surgimento de chifres, escamas e a capacidade de expelir fogo. Usando o simbolismo do dragão para marcar o quanto esses jovens são diferentes de pessoas comuns, o filme traz temas interessantes: descoberta da sexualidade, a religião como ponto de discórdia; a busca da arte no teatro como forma de explorar sentimentos e emoções; a exploração comercial de um comerciante ganancioso e de um dono de circo que querem lucrar com os jovens; a falta de comunicação dos jovens com os adultos. A fotografia de Bruno Polidoro ressalta bem a melancolia e tristeza da cidade, mas os efeitos em CGI do fogo do dragão infelizmente não alcança o nível técnico desejado, certamente por conta do orçamento. O ator Marcos Breda, que interpreta o mestre do circo, se destaca em um elenco formado quase que em sua totalidade por atores ainda em processo de formação. Mas no contexto geral, é um filme louvável por trazer uma filmografia da equipe do sul do país que tem muito potencial e qualidade para explorar suas histórias e temas tão particulares.
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