sexta-feira, 9 de junho de 2023

Alice dos Anjos

"Alice dos Anjos", de Daniel Leite Almeida (2021) Longa de estréia do cineasta e roteirista Daniel Leite Almeida, nascido em Goiás mas morando na Bahia, "Alice dos Anjos" é uma livre interpretação do clássico de Lewis Carol, "Alice no país das maravilhas". Rodado no sertão baiano em uma produção de baixo orçamento, fomentado por atores e equipe local, o filme encanta pela criatividade com que Daniel faz em tecer um paralelo do livro original com o Brasil do terceiro mundo, do Nordeste da sêca, da pobreza, da fome, do analfabestismo. A diversidade do elenco, que traz atores negros, indígenas, nordestinos, Lgbt, e principalmente, protagonismo feminino, teve como resultado premiações em importantes festivais de cinema. No Festival de Brasília, arrebatou 6 prêmios: direção, júri popular, prêmio da crítica, direção de arte, maquiagem e figurino. Alice ( a carismática Tiffanie Costa) viaja com sua irmã adolescente e sua mãe para visitarem a avó Indira, que está doente. Ao chegar na casa, Alicce se depara com um bode preto (Fernando Alves Pinto). Ao segui-lo, Alice cai em um buraco e vai parar no País da Macaúba. Lá, o coelho branco é o bode preto; o chapeleiro maluco é um sanfoneiro maluco; o gato é um calango e a Rainha de Copas é a Rainha do Cangaço. Juntos, todos precisam lutar contra o Coronel que quer construir usinas que irão destuir vilarejos onde moram famílias inteiras. O filme traz importante mensagem para o público infanto-juvenil: o povo brasileiro, unido, conseguirá lutar pelos seus direitos e por um mundo mais justo. A união de mulheres, negros, indígenas, lgbts e nordestinos, outrora analfabetos mas agora alfabetizados por professoras altruístas ( no caso, a vó Indira) é a chave para se combater os males do Brasil. Só pela ousadia, o cineasta Daniel leite Almeida merece reconhecimento, unindo um cinema de entretenimento com um olhar autoral.

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