"Case depart", de Fabrice Eboué e Thomas Ngijol (2011) Existem temas que quando levados para a comédia, se tornam objetos de repulsa ou desprezo de parte do publico: holocausto, 2a guerra, religião costumam deixar o público desnorteado quando entram para um lugar de galhofa. Pois os atores, roteiristas e cineastas negros Fabrice Eboué e Thomas Ngijol foram além: fazem uma comédia farsesca e politicamente incorreta sobre a escravidão em 1780 na França.
Nos dias atuais, Regis (Fabrice) e Joel (Thomas) são meio -irmãos que não se vêem há muitos anos. Ambos vivem vidas de losers e sem perspectiva de felicidade, até que recebem ligação de que o pai deles, com quem não falam há décadas, está morrendo. Ao viajarem, se deparam, no funeral, com o testamento que o pai os deixou: um documento anti-escravagista que liberta dois escravos negros. Ambos fazem pouco caso e rasgam o documento. A tia deles, uma bruxa, roga um feitiço e ambos vão parar na época da escravidão em 1780, sofrendo com brancos algozes.
Esse é um tipo de história que somente poderia ter sido contada pelo lugar de fala de negros. Atrás de todo deboche e gags pastelão, o filme faz uma pesada crítica contra uma sociedade branca conservadora, de extrema direita, racista, machista e favorável à divisão de classes, Tem cenas que a gente fica meio sem graça sem saber se rir ou se fica constrangido. É um filme complexo pela natureza de seu filme, e certamente os cineastas e roteiristas não gostariam que o tema virasse piada de mau gosto. O filme foi um enorme sucesso na França, com quase dois milhões de ingressos vendidos.
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