quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O joelho de Ahed


"Ahed's knee", de Nadav Lapid (2021)
Após vencer o Urso de ouro em 2019 pelo impactante "Sinônimos", o cineasta Nadav Lapid escreve e dirige um filme que traz muito de si: um filme que fala sobre a morte de sua mãe, que foi editora de seus filmes anteriores, e também, sobre a crise na cultura israelense, através do protagonista Y (Avshalom Pollak), um famoso cineasta israelense premiado em Berlim.
O filme parte de uma triste história real: a palestina Ahed Tamimi viralizou na internet após bater na cara de um soldado israelense, sendo levada presa. Um chefe de Parlamento lamentou ela não ter levado um tiro no joelho e nunca mais poder andar. Diante dessa história, Y decide fazer um filme. Durante as audições, ele é convidado para apresentar seu último filme em um vilarejo no deserto chamado Sapir, onde Yahalom (Nur Fibak), a jovem vice-diretora do departamento de bibliotecas do Ministério da Cultura o recepciona. Y traz memórias a sua mente, que ele compartilha com Yahalom: ele ja foi soldado, e passou por uma situação de humilhação a um soldado em que ele teve que fazer parte. Ele passa pela mesma situação quando Yahalom pede para que ele assine um documento abrindo mão de vários assuntos que ferem sua liberdade de discurso.
Um filme cruel, amargo, melancólico, que fala sobre as tragédias do sucateamento da cultura, e da eterna guerra e treinamento violento de soldados. Os atores são absurdo de fodas, excelentes. O filme ainda assim encontra momentos de poesia em números musicais inusitados, com uma trilha impecável que inclui "Be my baby", de VAnessa Paradis, e "Loving day", de Bill Weathers.

Nenhum comentário:

Postar um comentário