"A filosofia na alcova", de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez (2017)
Um vigoroso e necessário filme brasileiro, adaptação do grupo de teatro os Satyros da obra de Marquês de Sade, e que celebra os corpos nús dos atores como manifesto contra a censura e a caretice reinante no país e na cultura, que ao passar dos anos, vai se tornando mais pudica e conservadora. O filme é repleto de cenas de sexo explícito e nudez total de todo o elenco, todos comprometidos com o ofício, se doando por inteiros, incluindo uma chocante cena de orgia com mais de 50 atores, que fariam corar a famosa cena de "Calígula", uma de suas referências. Outra referência é 'Saló, 120 dias de sodoma", de Pasolini.
O filme é uma livre adaptação publicada no século dezoito. A trama fala sobre a educação sexual de uma jovem virgem, Eugénie, de 15 anos, que aprende as artes da libertinagem através dos ensinamentos e experiências de Dolmancé e da senhora de Saint-Ange.
O filme, corajoso e bastante ousado, é uma adaptação anacrônica, misturando modernidades como helicópteros, limusines, celulares e a cidade de São Paulo como símbolos masters do consumismo e da luxúria.
Os diretores Rodolfo García Vázquez e Ivam Cabral são os fundadores da Cia os Satyros, criada em 1989 e famosa pelo seu teatro na Praca Roosevelt, em São Paulo. Rodado de forma independente, mas com uma ficha técnica de alto nível, através da fotografia de Fabio Politi, da trilha de Marcello Amalfi e Ivam Cabral e da direção de arte de Marcelo Maffei, Bia Pieratti e Carolina Reissman.
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