"Black is..Black ain't.", de Marlon Riggs (1994)
Vencedor do prêmio de melhor documentário em Sundance 1994, “Preto é..Preto não é..” é um excelente manifesto de Marlon Riggs, cineasta a ativista do movimento negro e Lgbtqia+, falecido durante as finalização do longa, em 1994, de HIV. Assim que soube que era portador do HIV, Riggs resolveu fazer um filme onde ele pudesse confrontar a homofobia e o racismo em sua vida através de seus trabalhos. Pressentindo que a morte estava próxima, resolveu produzir o documentário onde ele pudesse se comunicar com o seu povo negro. O filme ganhou o subtítulo de “Uma viagem pessoal pela identidade negra, e isso é o que conduz o filme. Como a própria comunidade é pouco unida, como existem grupos racistas, homofóbicos, xenofóbicos. O filme é dividido em capítulos, e o primeiro já dá as cartas na mesa: Ativistas, como Angela Davis, e anônimos de terceira idade, dizem a dificuldade que encontram com negros que se auto intitulavam pessoas de cor, e outros, de pretos. Angela explica que o termo “homem de cor” foi cunhada pelo homem branco. O senhor diz que ele tinha vergonha de se chamar de preto, pois não aceitava a sua identidade cultural, sua cor, seu nariz, seus cabelos. Se alguém lhe chamasse de preto, ele queria brigar. Quando, nos anos 60, o ativista Stokely Carmichel trouxe o slogan “Black is beautiful”, tudo mudou. Os negros começaram a se aceitar como são: lábios grosso, nariz, cabelos, cor.
Malcom X dizia que “Somos de mil e uma cores diferentes”. Esse teo garante um outro capítulo no filme: a negritude e a sua varação de cor, e o racismo entre os próprios negros, de acordo com o tom de preto. Existe um confronto entre os “Criolos” e os “Pretos”. Os “Criolos”, que são brancos de cor clara, eram mais aceitos socialmente. Depois tem o capítulo referente ao estereótipo sobre o homem negro: vindos da África, eram supersticiosos e selvagens. E daí vem o capítulo mais importante do filme, que traz aluta do diretor Marlon Riggs: negro e gay assumido, ele sofre preconceito dentro d apropria comunidade, que não aceita que os pretos se denominem assim, quando são gays. Marlon diz que homens negros não aceitam que os negros homossexuais se vejam como pretos, porque preto é sinônimo de masculinidade
“Negro de verdade não é viado”, Ice Cube. Essa frase do famoso rapper ilustra o caso do ativista Bayard Rustin, negro gay assumido, que em 1963, em Washington, organizou uma passeata pelos direitos dos negros, e acabou sendo expulso pelos pastores aliados a Martin Luther King, que não queriam associar os negros gays ao movimento dos direitos civis. O capítulo final fala também sobre outro ponto polêmico: a comunidade negra não costuma ver com bons olhos os negros que procuram se aculturar da sociedade branca. Angela Davis diz que sofreu quando estudou na Alemanha e França, e teve que se explicar porque estudou na Europa e não na África. Uma mulher diz que softeu descriminação por usar short, que, segundo um ativista, era vestimenta do homem braço. Quem é africano, quem é afro americano, pretos que são mal vistos pela comunidade por morarem em bairros de brancos, colocam os filhos para estudar em escolas de brancos. Impressionante que o filme tenha sido lançado e 1994, 26 anos antes de todos os movimentos negros recentes. O discurso, como se vê, já era bastante inflamado. Um filme polêmico para se visto e discutido.
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