"Filhos do Pai Eterno", de Emilio Hucs Gallo (2019)
O cinema tem uma dinâmica curiosa: você lança um filme, ele faz sucesso, fala para o seu público alvo, vira referência. Daí, basta que um único elemento saia do eixo, para que a percepção sobre esse mesmo filme mude radicalmente.
"Filhos do Pai Eterno" é um documentário sobre o famoso Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, um templo católico brasileiro localizado no município goiano de Trindade, o único no mundo dedicado ao pai Eterno. O Padre Robson de Oliveira Pereira, presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), dedicada ao Santuário, dá um depoimento no filme bastante profético: "Eu queria que você me disse um santo que não errou? Um santo que não pecou?"
Como todo mundo hoje já sabe, o Padre Robson foi acusado de desviar milhões das doações, usando na compra de imóveis, propriedades rurais, cabeças de gado e emissoras de rádio. Além disso, ele é acusado de ter um envolvimento com um hacker, que o chantageou, exigindo milhões, para não entregar o romance publicamente.
A história toda remete a João de Deus, que tinha uma casa espírita em Abadiânia, também em Goiás. Tanto Abadiânia quanto Trindade vivem em função da religiosidade, faturando milhões com as visitas dos fiéis, em busca de fé e de pagar promessas.
O evento mais aguardado no Brasil é a romaria da Festa do Divino Pai Eterno, que é o primeiro domingo do mês de julho de cada ano. Durante os nove dias que o antecedem, são celebradas missas e novenas; ocorrem encontros de jovens; acolhimento aos carreiros do Divino Pai Eterno, foliões, tropeiros, e outros devotos. São cerca dd 3 milhões de fiéis, movimentando muito dinheiro.
O filme atende a necessidade do público que busca informações sobre o Santuário e a festa da Romaria. Belamente registrada pela câmera e fotografia, e com músicas de Walter José, que ecoam na tela com muita força religiosa. É encantador ver o quanto os fieis se dedicam à sua fé, mas igualmente triste entender que existem aproveitadores que destroem sonhos e a religião de muita, mas muita gente.
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