"Kill it and leave this town", de Mariusz Wilczynski (2020)
Premiado como melhor animação no Annecy, mais prestigiado Festival de animação do mundo, como melhor filme do juri em 2020, e concorrendo no Festival de Berlin, "Kill it and leave this town"é uma viagem absolutamente sensorial e experimental, uma viagem psicodélica de ácido que remete a uma mistura de Crumb, "Yellow submarine", "Persépolis" , "Valsa para Bashir" mais elementos pornográficos e de violência. O filme é uma produção polonesa, e é uma autobiografia do realizador, o polonês Mariusz Wilczynski, nascido na cidade de Lodz em 1964, em pleno regime comunista. Mariusz narra a sua infÂncia até sua vida adulta, através de memórias e sonhos com pessoas que fizeram parte de sua vida: sua mãe, pai, namoradas, vizinhos, lojistas, e a abertura política décadas depois. Em sua narrativa, as pessoas não morrem. "Não acredito em mortes", diz o personagem, alter ego do próprio cineasta. A força do filme está nas imagens, fortes, poéticas, agressivas, violentas, escatológicas. Não existe uma unidade, são sketches muito bizarros e totalmente surrealistas. EM uma cena, a mãe de Mariuz vai na peixaria e compra peixes vivos. A lojista pega peixe, dá marretadas, com o peixe ainda vivo, e por fim, corta sua cabeça, e ele respirando. Mais na frente, a mesma cena é vista com animais fazendo o papel dos humanos, e os humanos nos papéis dos peixes, tendo as cabeças cortas, vísceras extirpadas, tendo o corpo destroçado nas paredes. Outra cena brutal: em um morgue, um médico legista costura as vísceras de uma morta, inclusive costurando sua vagina e inserindo tampões em todos os orifícios ( ânus incluso). A mãe de Mariuz trabalha no morgue, e mostra toda a frieza dela diante dos cadáveres. Outro momento: seres humanos são usados como cachorros pelos animais: cagam nas ruas, cheiram o rabo um do outro, comem fezes.
Mariuz quer chocar, e isso ele faz com muita propriedade. Não é um filme fácil de ser visto.
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