"Favolacce", de Damiano e Fabio D'Innocenzo (2019)
Vencedor do Urso de Ouro de melhor roteiro no Festival de Berlin 2019, e de mais de 10 prêmios em importantes festivais de cinema, "Favolacce", dos irmãos D'inocenzo, é dos filmes mais cruéis e que mais maltrata os seus personagens que você verá nos últimos anos. Contrariando o sobrenome dos cineastas, também roteiristas, o filem não tem nada de inocente. O seu olhar trágico e ácido sobre a vida, lembra muito o cinema de Todd Solondz, famosos pelos cáusticos "Felicidade" e "Bem vinda à casa de bonecas". Lembra também os filmes do austríaco Ulricj Seidl, autor da trilogia sádica da história, "Paraíso: Amor, Esperança e Fé". Poderia também ser visto como um "Amarcord" do mal, um filme de sketches, sob a narração nostálgica de um narrador não definido, sobre a sua infância, no subúrbio de classe média, de Roma.
O filme é visto pelo ponto de vista dos adultos e das crianças. Os adultos são cruéis, violentos: batem em seus filhos sem pudor, os humilham na frente de outras pessoas. O professor ensina barbaridades às crianças nas salas de aula, como por exemplo, a construírem bombas. Pelo ponto de vista das crianças, elas querem simular atos sexuais ( são crianças em idade de 10 anos), querem portar armas, querem matar, sem remorsos. Nesse universo tão sem amor e sem paixão, acompanhamos várias histórias , pequenas crônicas que acontecem em determinado verão, extremamente quente e insuportável. Em uma cena bizarra e inesquecível, chocante, uma grávida molha um biscoito em seu seio, que expele leite, e o entrega a uma das crianças, que o come. Ela ainda oferece fazer sexo com ele. Em outra cena, o menino tira a roupa e simula fazer sexo com uma menina. Um pai espanca o filho diante da filha, que chora desesperadamente.
Não é um filme fácil de ser visto. Em tempos de pandemia então, onde o número de casos de violência doméstico e abuso sexual aumentaram assustadoramente, é recomendável ficar longe do filme. Eu gostei bastante. Mas não o recomendo às pessoas sensíveis, em hipótese alguma, alinda mais que traz o suicídio como solução dos problemas de alguns.
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