"Shinju: tem no Amijiwa ", de Masahiro Shinoda. (1969)
Obra prima do cinema da nouvelle vague japonesa, de 1969, traz uma narrativa revolucionária que eu não vi em mais nenhum filme. Adaptação de uma peça teatral do Bunraku (Bunraku é uma espécie de teatro japonês caracterizado pela utilização de bonecos para a encenação), o filme se apropria da linguagem do teatro e a traz literalmente pro cinema: Logo no seu prólogo, vemos títeres manuseando os bonecos, cenários e se preparando para contar uma história, a do Duplo suicídio em Amijawa. Quando tudo está pronto, os atores dão lugar aos bonecos. Durante o filme, os cenários e objetos de cena, inclusive os personagens, são manuseados pelos contra-regras, vestidos de preto, que transformam tudo de acordo com o texto. É algo tão impressionante, e ao mesmo tempo, orgânico, cinematográfico, que me deixei envolver totalmente pela beleza cênica apresentada pelo diretor Masahiro Shinoda, um dos expoentes da Nouvelle Vague.
O filme se passa no Japão feudal e conta uma história de amor trágico: um mercador de papéis, Jihei, casado com Ohan e com dois filhos, se apaixona por uma prostituta, Koharu. Ele promete que a tirará daquele lugar, mas para isso, precisa de uma soma enorme de dinheiro, que ele não tem. Impossibilitados de viverem o amor pleno, o casal decide se matar em frente ao templo, mas antes, farão amor de madrugada.
A curiosidade é que a a atriz Shima Iwashita interpreta os papéis da esposa e da prostituta, de forma brilhante, pois nenhuma das duas se parecem, são construções incríveis. Shima é também esposa do diretor Masahiro. A direção de arte, figurinos, maquiagem ( eu adoro esses dentes escuro das mulheres do Japão feudal) , tudo é de alto nível, além da fotografia em preto e branco, bastante dramática. Um clássico lançado pelo selo Criterion, destinado a filmes importantes que devem ser preservados.
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