terça-feira, 16 de março de 2021

Mães de verdade


"Asa ga kuru", de Naomi Kawase (2020)
Filme escolhido pelo Japão para representar o País na final do Oscar 2021, "Mães de verdade"é dirigido pela cineasta japonesa mais conhecida mundialmente , Naomi Kawasi, diretora de "A floresta dos lamentos", "Vision", "Cine Lumiere" entre outros. Figurinha tarimbada em importantes Festivais, como Cannes, Veneza e Berlin, Kamasi, em seus filmes, traz questões sobre a sociedade patriarcal, machista, tradicional e também apresenta a relação do ser humano com a natureza e o ambiente que o circunda. A câmera e a fotografia em seus filmes, mostrando planos belos, poéticos e lúdicos da natureza são sublimes.
Mas em "Mães de verdade", Kawasi se aproxima do drama melodramático de Hirokazu Koreeda de "Pais e filhos" e "Assunto de família". Na descoberta entre pais verdadeiros e filhos adotivos, Kawasi extrai perfomances arrebatadoras de seu elenco, em cenas sublimes de emoção e comoção, onde tanto a mãe biológica quanto a mãe adotiva lutam e entendem o amor pelo filho. Kawasi evita a batalha judicial, e investe nos sentimentos.
O filme é dividido em 3 atos: a história do casal Satoko (Hiromi Nagasaku) e Kiyokazu (Arata Iura), impossibilitados de ter filho e que após difícil decisão, aceitam adotar uma criança, diante das duras regras de adoção no Japão. No 2o ato, conhecemos Hiraki (Aju Makita), a mãe biológica de 14 anos, que engravidou por ingenuidade de seu namorado que a abandonou. Seus pais obrigam que ela entregue o filho à adoção. No 3o ato, Hiraki surge para reaver a guarda do filho, para desespero de Satoko.
Mas talvez o grande tema do filme, além da maternidade, seja a questão do orgulho, da vergonha e da frustração que tanto provocam suicídios no Japão. A vergonha de um casal de não poder engravidar. A vergonha dos pais da filha adolescente ter engravidado. Como todos procuram disfarçar suas mentiras diante da sociedade. Um lindo filme, poderoso, um drama arrebatador.

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