sábado, 2 de março de 2019

Francisco, o Arauto de Deus

"Francesco, giullare di Dio", de Roberto Rossleini (1950) O Cineasta François Truffaut considerou, na época, "Francisco, Arauto de Deus", o mais belo filme ja feito. Não é exagero. Rosselini concebeu algumas das mais belas cenas da históra do cinema. Rosselini era um Cineasta e um Homem que pregava a fé católica. Em seus filmes, quase sempre havia a presença de um Padre que alertava a população sobre a crença na Fé. Foi assim em "Roma, cidade aberta", ou "Europa 51". Um dos fundadores do neo realismo italiano, Rosselini colocou monges do Monastério Nocere Inferiore para interpretarem Francisco e seus 12 discípulos. Ver os monges interpretando religiosos na tela é algo encantador. Eles interpretam com brilho nos olhos, e a ingenuidade e a entrega deles aos personagens comove o espectador. Com uma fotografia em preto e branco que esplandece em poesia, e uma trilha sonora que intensifica a Divindade através de música e sons de animais, o filme explora a bondade humana e o desejo de ajudar ao próximo. Pasolini viria a filmar quase uma década depois "O evangelho segundo São Matheus", trazendo a palavra de Jesus e o comparando a um dos primeiros comunistas q querer distribuir os bens de forma igualitária para todos. Certamente Pasolini se inspirou no filme de Rosselini para criar a sua estética da pobreza. O filme é composto de 12 segmentos, dispostos como se fossem pequenas parábolas. Fellini foi um dos roteiristas, e trouxe um delicioso humor aos personagens, tão encantadores, principalmente na figura divertida do Irmãos Ginepro. 1o Segmento) Francisco e seus discípulos enfrentam uma forte chuva e chegam no terreno onde existe uma igreja. Ali, irão construir a casa onde vão se instalar 2o segmento- Irmão Ginepro chega nú e diz a Francisco que doou sua túnica para um necessitado 3o Segmento- A chegada do novo irmão Giovanni, um idoso que larga sua família para se juntar aos ensinamentos de Francisco. É nesse segmento que Francisco canta o cântico das criaturas, a cena mais linda do filme. 4o Segmento- Francisco e os discípulos se arrumam para receber Irmã Clara. Eles decoram o ambiente, fazem barba, cortam os cabelos. Irmã Clara foi devota religiosa nessa igreja. Irmão Ginepro novamente chega nu, doou sua túnica novamente para outro necessitado. 5o Segmento- Irmão Ginepro cuida de um dos irmãos que está doente, e esse lhe diz que deseja comer um pé de porco. Ginepro vai atrás para realizar o desejo, e corta o pé de um porco de um fazendeiro, e acaba arrumando confusão 6o Segmento- Nesse que é o segmento mãos pungente de todos, Francisco ora de noite sozinho, e de repente avista um leproso. Francisco se assusta com a aparência do homem, mas vai lhe oferecer ajuda. 7o Segmento- Irmão Ginepro, que sempre quiz pregar mas Francisco não o considera pronto, prepara comida por 2 semanas para convencer Francisco de que ele é capaz. Comovido, Francisco permite que Ginepro pregue. 8o Segmento- Irmão Ginepro, sozinho, sai para pregar. Ele vai parar em um acampamento de soldados, mas confundido com um homem que quer matar o Capitão, os soldados o maltratam. Nicolaio ( o ator Aldo Fabrizzi, o único ator profissional do filme) o condena à morte, mas o Padre reconhece Ginepro e diz a Nicolaio que ele não é o traidor. Nicolaio, comovido com a humildade e a pureza de Ginepro, cancela a pena de morte. 9o Segmento- Os Irmãos Francisco e Leone conversam sobre a completa felicidade. Francisco diz a Leone que mesmo que praticassem todas as boas ações do Mundo, ainda assim não conheceriam a completa Felicidade. Eles se deparam com um Ateu ao se aproximar de uma casa 10o Segmento- Francisco e os irmãos entregam sua casa para uma família pobre. Se despedem dos animais e das árvores e seguem pregando pelo Mundo. O filme, de verdade, é uma experiência das mais prazerosas para um Cinéfilo. Independente de sua fé em religião ou não, é inegável a grande qualidade desse filme, realizado com extrema sensibilidade, paixão e muita alegria. O filme proporciona também momentos muito divertidos, e é impossível não rir e se apaixonar pelos personagens dos irmãos Ginepro e Giovanni. A sequ6encia de Ginepro sendo maltratado pelos soldados é digna de Charles Chaplin, toda composta de trabalho físico. A cena final, da despedida dos irmãos, é das cosias mais emocionantes e belas que já vi. Uma verdadeira obra-prima.

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