sábado, 9 de maio de 2020
Os cafajestes
"Os cafajestes", de Ruy Guerra (1962)
Listado entre os 100 melhores filmes brasileiros pela Abraccine, "Os cafajestes" é o primeiro longa dirigido pelo cineasta moçambicano Ruy Guerra. Exatamente dois anos depois, Ruy filmaria sua grande obra-prima, "Os fuzis". O filme competiu com grande sucesso no Festival de Berlin em 1962.
Lançado no circuito comercial brasileiro em 1962, o filme foi retirado de cartaz pela censura após 10 dias de exibição, tendo feito uma bilheteria de quase 2 milhões de espectadores. A censura ficou escandalizada com o nu frontal de Norma Bengell, o primeiro do cinema brasileiro, em uma cena que dura quase 5 minutos.
Vavá (Daniel Filho) é um playboy cujo pai está à beira da falência. Ele resolve convencer seu amigo Jandir (Jece Valadão) a participar de uma chantagem contra o seu tio milionário, e em troca, ele lhe dará o seu Buick. Vavá arma para que Jandir convide Leda (Bengell) para um passeio. Vavá se esconde no porta malas, com o objetivo de flagrar os amantes e mostrar as fotos para o seu tio, chantageando-o e pedindo dinheiro em troca. Após um terrível assédio sexual contra Leda, eles resolvem agora seduzir a prima de Vavá , Vilma (Lucy de Carvalho) para também tirar fotos e chantagear o tio.
Um retrato cruel e devastador da juventude alienada , machista e inconsequente, 'Os cafajestes" tem uma fotografia em preto e branco primorora de Tony Rabatoni, e trilha sonora de Luiz Bonfá. O filme tem uma forte influência do cinema da nouvelle vague, com a sua câmera na mão e liberdade na narrativa, com elipses atemporais . Outra forte influência é do cinema existencialista de Antonioni, especialmente de "A aventura", que também fala sobre o universo da juventude da classe média alta e os mostra como pessoas em crise e entediadas.
Os 4 atores protagonistas estão excelentes, em performances memoráveis.
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