domingo, 24 de maio de 2020
Os inconfidentes
"Os inconfidentes", de Joaquim Pedro de Andrade (1972)
Como parte das comemorações aos 150 anos da Inconfidência mineira, o governo, sob o regime dos militares, promoveu que cineastas filmassem fatos históricos enaltecendo a história do Brasil. Dessa leva saiu o filme ufanista "Independência ou morte", e também, filmes críticos ao regime, como essa produção de Joaquim Pedro de Andrade. Claro que as críticas estão nas entrelinhas, para bons entendedores. A primeira imagem que abre o filme é um close em uma carne mutilada e repleta de moscas. No final, vemos a mesma imagem, dessa vez ja entendendo o contexto que é uma alusão ao corpo mutilado de Tiradentes, único dos inconfidentes punido com a morte. Sobre essa imagem chocante, toca a música "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, fazendo uma quase paródia ao ato violento que vemos na tela. Diferente de "Inconfidência ou morte"que aposta no espetáculo, com muito elenco e muita figuração ostentosa, aqui é um registro mais econômico e mais teatral, revelando em narrativa não linear, os antecedentes e o que viria a seguir durante o julgamento dos inconfidentes. José Wilker, Carlos Gregorio, Carlos Kroeber, Paulo Cesar Pereiro, Fernando Torres. Luiz Linhares e Nelson Dantas dão vida aos inconfidentes. Um grande elenco em atuações formidáveis, mesmo que em registro mais teatral. Margarida Rey, como , Rainha Maria de Portugal, também merece destaque, principalmente na cena onde profere a condenação de Tiradentes. Com forte crítica ao regime da ditadura, o filme faz alusões claras nas cenas de tortura e em diálogos onde os inconfidentes declaram o seu ponto de vista sobre a situação do Brasil ante a colonização portuguesa, enaltecendo o uso dos poderes e da força militar.
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