sexta-feira, 29 de maio de 2020
O dragão da maldade contra o Santo guerreiro
"O dragão da maldade contra o Santo guerreiro", de Glauber Rocha (1969)
Vencedor da Palma de melhor direção em Cannes 1959, dividido com o techo Vobtech Jasny por “Todos os meus compatriotas”, “O dragão da maldade contra o Snato guerreiro” é a continuação de “Deus e o Diabo na terra do sol”, lançado em 1965. Na história, a continuação de Antonio das Mortes (Mauricio do Valle) acontece 29 anos depois que ele matou o último cangaceiro da região, Corisco. Antonio perde a sua razão de ser, que é a de matar os cangaceiros. Quando ele é procurado pelo Delegado Mattos (Hugo Carvana), que vem a mando do Coronel Horácio (Jofre Soares) para matar o cangaceiro Coirana (Lorival Pariz) e seu bando, Antonio recupera a sua sina de matador e parte para a cidade. Lá, ele conhece Laura (Odete Lara), esposa do Coronel mas amante do Delegado, que promete levar ela para fora daquele lugar, e o professor (Othon Bastos), desiludido com o rumo da questão social e política da cidade. Antonio duela com Coirana e o fere. A Santa que protege o bando de Coirana se aproxima de Antonio das Mortes, que a partir daí, muda radicalmente a sua postura e passa a se preocupar cm os pobres e os necessitados.
Primeiro filme colorido de Glauber, realizado depois da obra-prima “Terra em transe”, “O Dragão”..” é um dos filmes favoritos de Martin Scorsese, que inclusive apresentou para o seu elenco de “Gangues de Nova York”, a famosa cena de duelo entre Antonio e Coirana, em que lutam como segue a tradição: com um pano na boca de cada um, que só deverá cair quando um dois dois morre.
A fotografia de Affonso Beatto intensifica as cores ds figurinos e da direção de arte, e é de uma extrema beleza, alternando no mesmo quadro com a aridez da região. A figura de Odete Lara, vestida de roxo, caminhando no sertão com flores coloridas na mão, é um daquele momentos mágicos do cinema, junto da famosa cena do duelo. O filme tem uma narrativa totalmente diferente de “Deus e o Diabo..”. O filme é uma grande ópera cinematográfica, encenada no sertão. Misturando elementos dos faroestes e do Teatro de Cordel , Glauber vislumbra uma obra alegórica de intensa metáfora com a ditadura vigente no País.
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