segunda-feira, 18 de maio de 2020
O rei da paquera
“The pick up artist”, de James Tobak (1987)
Curioso como quando assisti esse filme na época, eu havia adorado, e agora, achei ele estranho. Sempre fiquei com a impressão de ser uma comédia romântica no estilo John Hughes, mas não é. Até o pôster engana, parece que você vai fazer aqueles filmes gostosos de sessão da tarde. Mas o filme faz uma mistura de gêneros e aí me perdi na proposta dele: ele começa como uma comédia romântica quase adolescente, depois vira romance, depois drama, depois um filme de gangsters, e aí vira romance de nono no último minuto. Molly Rongwald nessa época era uma grande estrela. No ano passado, ela havia estrelado ‘A garota do rosa shocking”, um enorme sucesso sob a batuta de John Hughes, seu mentor. Mas quando ele pediu que ela fizesse um novo filme, ela declinou, dizendo que queria fazer filmes mais adultos. Foi assim que surgiu esse “O rei da paquera”, um título brasileiro que tenta seduzir um público pelo título, mas penso que deve ter havido uma enorme frustração. Robert Downey Jr teve aqui sua primeira oportunidade de protagonista, após vários filmes sem destaque na sua carreira. Aos 21 anos, Robert já provava ser bastante versátil, inclusive cantando em uma cena e fazendo bem drama e comédia. Curioso ver que ele tinha dentes separados. James Tobak se cercou de gente talentosa para poder dar mais credibilidade ao seu filme, após o mega fracasso de seu filme anterior, “Exposed”, com Nastassja Kinski, Rudolf Nureyev e Harvey Keitel, também um filme que não se define como g6enero. Na fotografia, convocou Gordon Willis, que fotografou “O poderoso chefão” e “Manhattan”. Na trilha sonora, o francês George Delerue, que compôs clássicos como “O desprezo”, de Godard, e “O conformista”, de Bertolucci. No figurino, Colin Atwood, vencedora de 4 Oscars. E a grande cereja do bolo, o excelente elenco coadjuvante: Dennis Hopper, como o pai alcóolatra e viciado em jogos de Randy (Molly Ringwald); Harvey Keitel, que interpreta um mafioso que ameaça matar o pai de Randy caso ele não pague sua dívida, e Danny Aielo, amigo do personagem de Robert Downey Jr e dono de um restaurante popular ( seguindo a tradição, ele viria a interpretar o dono de uma pizzaria popular em “Faça a coisa certa”, que ele filmou 2 anos depois com Spike Lee).
A história narra o encontro entre o professor infantil Jack Jericho, que dá em cima de todas as mulheres bonitas que encontra na rua, até ele cruzar o seu caminho com Randy (Ringwald). Ela é filha de Flash (Hopper), um alcóolatra que deve uma fortuna para os mafiosos de um Casino. Jack acaba se apaixonando por Randy e deixa de ser um mulherengo, e resolve ajuda-la a pagar as contas do pai dela.
O roteiro muda estranhamente o comportamento de Jack, e ficou super forçado. Ele é apresentado como um cara que paquera todas, e quando encontra Randy, uma garota que não lhe dá a mínima, ele se apaixona de um dia para o outro, já fazendo juras de amor eterno e tudo o mais. O filme também não faz de Molly uma personagem muito carismática no filme, ela quase sempre está de cara emburrada.
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