sábado, 16 de maio de 2020
Todas as mulheres do mundo
"Todas as mulheres do mundo", de Domingos Oliveira (1966)
Listado pela Abraccine entre os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, o filme venceu no Festival de Brasília em 1966 cinco prêmios: melhor filme, diretor, ator (Paulo José), roteiro e atriz revelação, Leila Diniz. O longa é o filme de estréia de Domingos de Oliveira, que adaptou os contos "A Falseta" e "Memórias de Don Juan" de Eduardo Prado para a sua vida pessoal: Domingos estava casado há 3 anos com Leila Diniz e com o filme, tentou evitar a separação definitiva. Domingos conheceu Leila quando ela era professora, que nem a personagem Maria Alice no filme. Foi ele quem viu nela um talento de atriz. Paulo José é o alter ego de Domingos, e interpreta Paulo, um jornalista mulherengo que tem como melhor amigo Edu (Flavio Migliaccio). Logo no início do filme, Paulo encontra Edu e começa a lhe contar a história de sua relação com Maria Alice: na noite de Natal, em sua casa, ele conhece o casal Leopoldo (Ivan de Albuquerque) e Maria Alice. Paulo imediatamente se apaixona por Maria Alice e a partir daí, passa a assediá-la em todos os lugares, dizendo-se apaixonado por ela. Maria Alice acaba cedendo e vai morar com Paulo, por quem ela realmente nutre amor. Mas Paulo vai a uma festa na casa de sua prima, Barbara (Joana Fomm), e Maria Alice flagra ele tendo um caso com uma argentina, (Irma Alvarez), uma das amigas de Barbara.
O filme tem uma linguagem despojada bem influenciada pelo cinema da Nouvelle Vague, com câmera na mão e fotografia em preto e branco ( do mestre Mario Carneiro). Com edição elipsada, é fácil encontrar elementos do cinema de Agnes Varda e de Godard no filme, principalmente na bela cena onde Paulo declama um poema e o espectador vê partes do corpo de Maria Alice belamente enquadrados. Paulo José está antológico nesse papel, abusando de seu charme e de talento para o drama e a comédia. Aliás, em 1966, Paulo José estreou no cinema com dois filmes definitivos para a sua carreira: Além de “Todas as mulheres..”, ele também surge no filme de Joaquim Pedro de Andrade, “O padre e a moça”.
Leila Diniz esbanja charme e graciosidade em um papel maravilhoso, uma personagem que passeia por todas as emoções sem tornar nada uma caricatura. Aqui, já é possível ver o empoderamento feminino, que Leila tanto lutava, em sua personagem. Leila tinha 20 anos na época da filmagem, e faleceu tragicamente aos 27 anos, em um acidente de avião, em 1972.
O que chama a atenção no filme é o elenco formidável: além dos citados, tem Maria Gladys, Marieta Severo, Isabel Ribeiro, Fauzi Arap. Ana Maria Magalhães, Marcia Ribeiro. A trilha sonora também é uma delícia, e Domingos Oliveira sempre amou misturar música clássica com faixas pops. Aqui tem Roberto Carlos, Beatles, Simonal.
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