segunda-feira, 18 de maio de 2020
Filme demência
"Filme demência", de Carlos Reichenbach (1986)
Listado entre os 100 melhores filmes brasileiros pela Abraccine, "Filme demência" é considerado pelo próprio Carlos Reichenbach o sue melhor filme. Falecido em 2012, Reichenbach foi, além de cineasta e roteirista, fotógrafo, professor e crítico de cinema.
"Filme demência" venceu 5 Kikitos no Festival de Gramado em 1986, entre eles, melhor direção. Ganhou também prêmio de inovação no Festival de Rotterdan, dedicado a filmes com linguagens mais experimentais. Livremente adaptado de "Fausto", de Goethe, o filme apresenta o empresário paulista Fausto (Ênio Gonçalves), frustrado e deprimido pela falência de sua empresa de cigarros, que ele herdou após a morte de seu pai. Ao chegar em casa de noite, sua mulher o ignora e o expulsa de casa. Fausto se arma com um revólver e decide perambular pelas ruas de São Paulo decadente, da Boca do Lixo, do centro, circulando por puteiros, boites de shows eróticos, se envolvendo com traficantes e ex amigos. Fausto começa a delirar com imagens de uma praia paradisíaca e de uma menina que o chama. A sua obsessão agora é tentar descobrir onde é essa praia e o que representa essa menina.
Uma figura demoníaca, Mefistófeles, surge para Fausto personificando diversas personagens obscuras. Nessa metáfora da venda da alma, Fausto se entrega à desolação e a auto-destruição.
Reichenbach começou sua carreira fazendo filmes na Boca do Lixo, muitos da pornochanchada. Mas seus filmes sempre tinham um viés político e social como pano de fundo. Gosto mais de "Anjos do arrabalde"e "Amor, palavra prostituta". "Filme demência", que é um anagrama de "Filmes de cinema", é um filme mais experimental e hermético e muito particular de Reichenbach, que em sua vida pessoal também passou por um processo de falência de sua família.
A melhor cena são dos dois bandidos querendo assaltar Fausto no quarto do puteiro, sensacional, Filme B puro.
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