sexta-feira, 29 de maio de 2020
Pequeno Joe
"Little Joe', de Jessica Hausner (2019)
Vencedor em 2019 da Palma de Ouro em Cannes de melhor atriz para a inglesa Emily Beecham, "Pequeno Joe" é uma homenagem aos filmes de ficção científica e terror psicológico de diretores como Don Siegel e seu "Vampiros de almas" e "Invasores de corpos", de Philip Karffman passando por David Cronemberg e seus experimentos científicos com a mente e corpos humanos.
Alice é uma pesquisadora de área genética de um laboratório que cria novas plantas. Junto de sua equipe, ela cria uma planta, apelidada de "Pequeno Joe" (Alice tem um filho pequeno chamado Joe) que tem o dom de trazer felicidade às pessoas que cuidam delas, dando água, carinho e conversando ( tipo o Tamagoshi, para quem lembra). No entanto, uma das cientistas, Bella, fala para Alice que o pólen da flor pode trazer sérias consequências ao cérebro da pessoa e que possivelmente a flor está tentando se reproduzir utilizando os seres humanos. Alice no dá muitos ouvidos à Bella e traz para casa uma das flores, para que sue filho Joe cuide dela. Mas com o passar dos dias, Alice estranha o comportamento de todos no trabalho, como Bella havia previsto, e procura entender se a planta realmente é a responsável.
Um filme que mistura gêneros : drama, terror, ficção científica) é um grande feito para concorrer em Cannes na competição oficial, e ainda ganhar a Palma de atriz. Mas em um ano onde atuações femininas como a da atriz de "Parasita", que interpreta a mãe pobre, e Sonia Braga em "Bacurau", é de estranhar essa escolha. Emilly está bem no filme, mas não surpreendente. Aliás, o filme promete mais do que oferece. O suspense é anunciado, mas nunca cumprido, e a ajuda vem da estranha trilha sonora que evoca instrumentos ríspidos e música oriental. O ritmo é bastante lento, e os personagens não são muito carismáticos, difícil torcer por alguém ali. Mas vale pela curiosidade, de se revisitar um gênero de forma autoral. Os efeitos da flor são discretos, mas eficientes. A fotografia de Martin Gschlacht, do excelente terror "Boa noite, mamãe", ajuda a dar a atmosfera que faltou para o roteiro. No final, penso que o filme é uma metáfora sobre a vida da mulher moderna, mãe solteira, independente, que mal dá conta de sua vida pessoal em detrimento da profissional e que encontra em sue filho todas as desculpas para o seu mundo infeliz.
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