sexta-feira, 8 de maio de 2020
Ganga bruta
"Ganga bruta", de Humberto Mauro (1933)
Na lista dos 100 melhores filmes brasileiros da Abraccine, "Ganga bruta" foi lançado em 1933 pela Cinédia do produtor Adhemar Gonzaga, com roteiro do próprio Humberto Mauro e Octávio Gabus Mendes. Li num site que à época do lançamento, o filme foi destruido pela crítica, tendo alguns críticos considerando o pior filme brasileiro até então lançado. Visto hoje em dia, o filme pode até provocar polêmicas em relação ao seu roteiro, que traz um protagonista feminicida que assassina sua esposa à sangue frio na noite de núpcias por um motivo fútil: ela não era mais virgem. Preso, ele é solto pela justiça, que considerou como defesa de honra pessoal.
Sö essa sinopse ja provocaria uma chuva de debates, mas à época, em uma sociedade paternalista e machista dos anos 30, soava normal.
Independente do roteiro, o filme é um primor de realização. Com uma direção repleta de recursos estilísticos e de domínio total da técnica, Humberto Mauro compõe quadros belíssimos, contrastando a natureza com suas cachoeiras e rios ao processo de industrialização das cidades, através de imagens de prédios em construção. Essas mesmas imagens de prédios e guindastes foram comparados por alguns resenhistas como uma metáfora à sexualidade e ao ato sexual. O filme tem o protagonismo de 3 belos atores: Durval Bellini como o protagonista Marcos, Dea Silva como Sônia, e Décio Murilo como Décio, formando o triângulo amoroso que termina em tragédia.
O filme é pleno em cenas de um forte erotismo, com closes em pernas , corpos femininos. Uma obra-prima que em uma curiosa mistura de filme mudo e sonoro e uma trilha sonora luxuosa de Radamés Gnatalli .
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