segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Vida sexual em Los Angeles partes 1 e 2


 "Sex life in LA part 1 and 2", de Jocken Hick (2005)

Polêmico documentário dirigido pelo cineasta alemão Jocken Jick, famoso por ter realizado o filme “Via Appia”, rodado no Brasil em 1987, mostrando o mundo underground gay da época e protagonizado por Guilherme de Pádua. “Vida sexual em Los Angeles parte 1 e 2” concorreu no festival de Berlim na Mostra Teddy, e apresenta a vida sexual de garotos de programa, atores pornôs e produtores do entretenimento do sexo de Los Angeles em 1997 e em 2005. Através da passagem, acompanhamos o que ocorreu com os mesmos entrevistados, envolvidos com HIV, drogas, festas com orgias e muita decadência. Uma frase que resume o que move esses rapazes, proferida por um deles após realizar uma cena pornô:” Another day, another dollar, another job done.”

A produtora de Jocken Hick, curiosamente, se chama “galeria Alaska”, famoso point queer dos anos 70 a 90 em Copacabana, palco do Show dos Leopardos.


O mais famoso dos entrevistados é Tony Ward, que estrelou o clipe de Madonna “Justify my love” e foi descoberto pelo famoso fotógrafo Bruce Weber, tornando-se amantes. Ward também namorou Madonna e segundo seu relato, tinha problemas de auto-estima, se achando feio, até que weber disse que ele era bonito. Ward comovido diz que a primeira pessoa que disse que ele era bonito, aumentando sua auto-estima, foi um homem.
Repleto de cenas de sexo explícito, o filme mostra a transição da indústria pornô entre os anos 90 e os 2000: o surgimento de casas onde garotos moram e se apresentam em câmeras ao vivo, tirando os rapazes das ruas de Los Angeles. O uso de drogas pesadas (responsável pela morte de alguns entrevistados nos anos 90) e o relato da mãe de um deles, dizendo que a droga matou mas gays do pornô do que a Aids.
Em mais de 3 horas de filmes, ouvimos depoimentos dos mais variados: de pais conservadores que descobriram que seus filhos estavam no pornô ao frequentarem livrarias, de homens que moram dentro de carros ou nas ruas por falta de dinheiro, de portadores de HIV que continuam fazendo cenas de sexo, da questão do corpo e tamanho do p6enis como impositivos para a pessoa fazer sucesso. Mas talvez o momento mais triste e decadente, de cortar o coração, seja a de um garoto de programa latino, que precisando de dinheiro, é contratado para uma festa frequentado por gays de mais de 50 anos, todos usuário de drogas pesadas, tendo que fazer sexo com todos eles, repletos de feches de sadomasô, e ainda, obrigado a usar drogas. Um filme forte e ousado que retrata o undergorund do mundo queer sem censura e sem glamour.


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