quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O cego que não queria ver o Titanic


 "Sokea mies joka ei halunnut nähdä Titanicia", de Teemu Nikki (2021)

Belo drama finlandês que traz ao espectador a sensação de estar no ponto de vista de seu protagonista, um homem cego e paralítico. Somente Jaako (Petri Poikolainen) está em foco, o restante: ambientes, pessoas, estão desfocadas. É uma sensação incômoda que nos faz assistir ao filme com bastante angústia. O ator Petri Poikolainen é cego de verdade, e portador de esclerose que o tornou paraplégico. O cineasta Teemu Nikki conheceu Petri Poikolainen durante o serviço nacional finlandês na década de 1990; eles se tornaram amigos, mas perderam o contato logo depois. Nikki passou a ser um respeitado diretor de cinema; Poikolainen tinha acabado de começar a se destacar como ator de teatro quando foi atingido por um diagnóstico devastador de esclerose múltipla, que acabou tirando sua visão e capacidade de andar. Quando ele se reencontrou com Nikki mais de 20 anos após seu primeiro encontro, o diretor sugeriu fazer um filme juntos. A história é simples: Jaakko é cego e está preso a uma cadeira de rodas. Ele ama Sirpa, embora estejam distantes um do outro. Os dois nunca se encontraram pessoalmente, mas se falam todos os dias por telefone. Quando Sirpa avisa que está morrendo de câncer, Jaakko decide visitá-la imediatamente, apesar de sua condição. Para isso, ele precisa confiar em pessoas estranhas, uma vez que seu cuidador está indisponível.

O filme se torna tenso a partir da metade do filme, mas até lá, tem momentos de humor, por conta de seu protagonista, que é cinéfilo e traz tiradas sobre cinema em tudo o que fala. É um incrível experimento de linguagem, e mereceu todos os prêmios no Festival de Veneza 2021.

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