"Marte um", de Gabriel Martins (2022)
Drama mineiro que concorreu no prestigiado Festival de Sundance e premiado no Festival de Gramado 2022 nas categorias melhor longa do juri popular, melhor trilha sonora para Daniel Simitan e melhor roteiro,
"Marte um" é a estréia solo de Gabriel Martins, da produtora mineira Filmes de plástico, que já havia co-dirigido o excelente "No coração do mundo". "Marte um" lembra muito "Minha vida de cachorro", clássico filme sueco com toques de fantasia e que tem como protagonista um menino que sonha em fazer uma viagem espacial e morar em outro planeta, tudo como metáfora de um Brasil que elegeu Bolsonaro em 2018.
O filme foi rodado em 2018 e a história começa no dia em que Bolsonaro foi eleito. Assim, acompanhamos a rotina de uma família negra de classe média baixa, a família Martins: Tércia (Rejane Faria), a mãe, diarista, passa por um sufoco ao se envolver em uma gravação de uma pegadinha e começa a desenvolver insônia e síndrome do pânico. Eunice (Camilla Souza), a filha, deseja sair de casa para morar com sua namorada, mas não tem coragem de falar sobre seu relacionamento gay com seus pais. O pai, Wellington (Carlos Francisco), trabalha em um condomínio chique e coloca todas as esperanças da família no talento do pequeno Deivid (Cícero Lucas) com o futebol. Mas o sonho de Deivid é virar astrofísico, e um dia viajar para Marte na primeira missão de colonização.
O filme tem um tom naturalista e assim como em "Um som ao redor" e "No coração do mundo", vai acompanhando cada personagem em sua rotina alterada por algum tipo de evento do cotidiano. Belo, simples mas com muita garra e afeto, é um filme que vislumbra um Brasil melhor no futuro, através da simbólica imagem da família olhando pelo monóculo as estrelas, sonhadores.
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