'Petit nature", de Samuel Theis (2021)
Drama francês de tema explosivo e polêmico, concorreu no Festival de Canes 2021. O filme fala dos desejos sexuais de um garoto de 10 anos, Johnny (Aliocha Reinert) pelo seu professor Jean Adamski (Antoine Reinartz). Em determinado momento, o filme parece que irá se encaminhar para algo parecido com "A caça", de Thomas Vintemberg, mas ele tem narrativa própria, dolorosa.
Jonnhy, sua mãe Sonia (Melissa Olexa), a filha pequena e o filho adolescente saem da casa do amante abusivo da mãe e vão morar em um alojamento público. Jonnhy cuida da casa e da irmã, enquanto sua mãe trabalha fora como atendente de uma lanchonete. Seu irmão adolescente é um vagabundo e traz a namorada para fazer sexo em casa na ausência da mãe. Depois de uma discussão onde apanha da mãe, Jonhy vai buscar refúgio na casa do professor, que mora com sua namorada Nora. O menino passa a confundir seus sentimentos com o carinho do casal e acredita que o professor é mútuo nos desejos.
Uma cena desconcertante certamente faria metade do público sair da sala de cinema: o menino seduzindo o professor, uma cena corajosa que não teria vez em filmes brasileiros, até porque o juizado de menores daqui jamais permitiria. Outra cena memorável é a final, com Jonnhy dançando ao som de “Child in Time” do Deep Purple, lembrando o final de Beau Travail de Claire Denis, apresentando a catarse do personagem.
Mas nada seria memorável sem o trabalho absolutamente primoroso e espetacular do pequeno Aliocha Reinert, que para meu choque, é um não ator. Representando todas as camadas emocionais e com cenas complexas, seu trabalho é impressionante. A atriz que interpreta sua mãe também chama a atenção e também é não atriz.
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