"Todos os mortos", de Marco Dutra e Caetano Gotardo (2020)
Premiado drama alegórico brasileiro, concorreu ao Urso de Ouro em Berlin 2020, sendo o unico filme brasileiro a concorrer na Mostra principal. Ganhou no IndieLisboa o prêmio de melhor filme, e em Gramado ganhou os Kikitos de ator e atriz coadjuvante, para Thomas Aquino e Alaíde Costa.
Confesso que tive dificuldades para gostar do filme, sou apaixonado por outros filmes de Dutra, como "Trabalhar cansa" e "As boas maneiras", e de Caetano Gotardo, prefiro "O que te move". "Todos os mortos" é anunciado pela mídia como terror, mas está longe de ser um filme de gênero. Talvez o grande terror seja o roteiro do filme aproximar o Brasil de 1899 do Brasil de 2020, e sofrendo das mesmas mazelas, principalmente no que se refere à questão do racismo e preconceito no país. As sequelas da escravidão permanecem no Brasil de hoje, com um racismo escondido e camuflado na sociedade. Os diretores se utilizam de um recurso que os aproxima de Shayamalan, porém ser querer provocar sustos ou surpresas no espectador, e sim, fazer uma transição discreta temporal.
Em 1899, 10 anos após a abolição da escravatura no país, a família Soarese perde o seu poder econômico. Iná, uma ex-escrava, e seu filho João, agora procuram por trabalho. Ambos acabam parando na fazenda dos Soareses, mas a escravidão segue implícita. Mas Iná representa a força da mulher negra e agora vai se impôr.
O filme tem um elenco excelente ando vida a personagens majoritariamente feminino. são performances mais teatrais, empostadas, mas não menos fortes e vibrantes. Mawusi Tulani, como Iná, e Alaíde Costa são os grandes destaques.
Participação especial das ótimas Gilda Nomacce, Tuna Dwek e Leonor Silveira.
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