quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Lux Aeterna


"Lux Aeterna", de Gaspar Noé (2019)
Exibido em Cannes 2019, "Lux Aeterna" é mais uma provocação de Gaspar Noé, depois do esfuziante e epiléptico "Clímax". O filme começa com um alerta para o público sobre a epilepsia e sobre o recorrente uso de luzes estroboscópicas de Noé: ele usa uma cartela com um texto de Dostoievsky, dizendo que trocaria a sua vida inteira por segundos de sensação de epilepsia, que dizem ser das sensações mais glorificantes da vida.
O filme apresenta um prólogo onde aparelhos de tortura usados na caça às bruxas da Idade média são apresentados. Logo em seguida, são apresentados trechos de filmes onde mulheres acusadas de bruxaria são jogadas na fogueira. Uma atriz passa duas horas amarrada à cruz em frente à fogueira e fica em estado catatônico, em um filme de Carl Dryer. Logo depois, somos apresentados à duas mulheres em um camarim de filmagem no dia de hoje: Charlotte Gainsbourg, a atriz, e Beatrice Dalle, a cineasta. Elas falam sobre bruxas. O set de filmagem é caótico, a parte masculina da filmagem é misógina, as mulheres são agredidas e maltratadas em uma filmagem sobre bruxas na fogueira.
Financiado pela Yves Saint Laurent, o que justifica as mulheres todas vestidas lindamente, incluindo as bruxas, "Luz Aeterna" é uma divagação sobre o cinema, o Poder e as relações complexas e nem sempre sadias, com cartelas apresentando trechos de depoimentos de Godard e outros cineastas. O desfecho são minutos de luzes estroboscópicas, e li que em Cannes, tinham equipes de paramédicos na saída dos cinemas para atender quem passasse mal.
O filme, de 50 minutos, é curioso, mas não chega aos pés de suas grandes obras controversas. Discute-se feminismo e machismo, mas em um contexto experimental e entendiante.

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