sábado, 27 de fevereiro de 2021

Glauber, Claro


"Glauber, Claro", de César Meneghetti (2020)
Premiado documentário que retrata a fase italiana de Glauber Rocha, onde realizou o longa "Claro", de 1975, com elenco francês, americano e italiano e retrata a juventude italiana em crise com o seu Governo. Roma é vista como a capital do Imperialismo e do capitalismo. O documentário faz uma analogia dessa força que o filme teve na época, mostrando a juventude indignada, com a geração que nos dias de hoje também panfleta nas mesmas ruas representadas no filme de Glauber. Pegando depoimentos de atores, técnicos e produtores, "Glauber, Claro" apresenta uma faceta do cineasta mais polêmico da história pelo ponto de vista de quem trabalhou com ele, encantados com sua força e energia.
Com trechos do filme intercalados com depoimentos e imagens de Roma nos dias de hoje, captados em belos movimentos aéreos de drone, o filme termina com a raivosa entrevista de Glauber para a imprensa, logo depois que o juri do Festival de Veneza de 1980 anuncia os seus vencedores. Glauber estava presente em competição com "A idade da Terra", seu último filme. Dois filmes venceram o Leão de Ouro, dividindo o prêmio: 'Atlantic city, de Louis Malle, e "Gloria", de John Cassavettes. Theo Angelopoulos ganha o prêmio do juri por "Alexandee, o grande". Glauber chama Louis Amlle de cineasta de 2 classe, Cassavettes de fazer filmes comerciais usando a fachada do cinema de vanguarda e Angelopulos de fazer filmes velhos. Sobrou até para Hitchcock, a quem Glauber chama de fazer filme porcaria. Acusa o juri de ter se vendido ao cinema americano. E tudo isso, sob o olhar dos jornalistas, pasmos. Aos críticos, ele chama de decadentes. Enfim, esse é Glauber.

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