"Berlin Alexanderplatz", de Burhan Qurbani (2020)
Épico drama adaptado da obra colossal do alemão Alfred Döblin escrito em 1929. A versão mais famosa é a de Fassbinder, com 15 horas e meia de duração, dividido em 14 capítulos e ambientado na República de Weimar. O cineasta alemão Burhan Qurbani ousa trazer a história para os dias de hoje, na Berlin cosmopolita de traficantes de drogas, assaltantes, prostitutas, transgêneros e refugiados africanos. O filme, com 183 minutos de duração, concorreu em Berlin, Rotterdan e outros importantes Festivais.
Welket Bungué é um ator nascido em Guiné Bissau e filmou dois longas brasileiros, 'Corpo elétrico" e "Joaquim". Ele interpreta o protagonista Francis, refugiado africano sobrevivente de uma tragédia na sua embarcação, onde morre sua esposa. Francis mora em um alojamento para refugiados e trabalha em uma indústria. Um dia, ele conhece Reinhold (Albrecht Schuch), que resolve lhe dar casa, comida e trabalho. Francis agora se chama Franz, e conhece a prostituta Mieze (Jella Haase), por quem se apaixona. Franz quer ser um homem bom, mas Reinhold o introduz ao mundo do crime. Mieze alerta Franz das maldades de Reinhold, mas Franz não lhe dá ouvidos.
O filme tem uma fotografia e câmera extraordinárias de Yoshi Heimrath, que abusa de cores fortes para retratar uma Berlin que mais parece ter saído daqueles filmes neon-realistas dos anos 80 de Jean Jacques Beinex. O desfecho da história me deixou muito revoltado. O filme tem uma forte carga homoerótica em vários personagens, mas a misoginia em Reinhold irrita bastante. Para compensar , as performances do elenco principal são de aplaudir em pé, principalmente Albrecht Schuch, que faz de seu Reinhold uma figura repulsiva e desprezível mas muito bem trabalhada fisicamente em sua vilania carismática e sedutora.
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