quarta-feira, 1 de abril de 2020

#Nudes

"#Nudes", de Guily Machovec (2019) Produzido 100% de forma independente, "#Nudes" é uma comédia dramática que fala sobre dois casais de jovens que moram em são Paulo, e de que forma as redes sociais, o celular e falta de comunicação entre eles provoca um desmoronamento em suas relações, partindo para outras opções para poder sair da rotina, como troca de casais e relacionamento aberto. Guily Machovec escreveu o roteiro, dirigiu, protagonizou e produziu o filme. Ele já tem uma carreira como roteirista e diretor de teatro em São Paulo, formando a Cia Olimpo em 2002 e desde então, montando mais de 30 espetáculos. OS personagens do filme são cinéfilos, literatos: falam de Woody Allen, de Dostoyevsky. São personagens muito recorrentes a quem assiste filmes de Woody Allen: são neuróticos, traem seus relacionamentos, compulsivos, misantropos e tipicamente urbanos. Maísa (Yolanda de Paulo) e Leonardo (Guily Machovec) foram um casal cuja relação está desgastada. Maisa compartilha sua vida íntima com sua melhor amiga, Adelia (Gabriela Pimenta), que por sua vez, passa o dia em aplicativos de relacionamento, até que conhece Heitor (Vini Hideki). A entrada de Heitor no gripo dá uma mexida na atitude de todos: centrado, intelectualizado e menos afoito às redes sociais. O filme passeia bem pelo humor e pelo drama, defendido com garra por um elenco de jovens atores que provavelmente, estão estreando em longa-metragens. É muito gostoso assistir a um filme brasileiro com rostos desconhecidos, e com talento de sobra para saborearem um texto escrito para provocar discussões acerca de machismo, misoginia, incomunicabilidade, solidão, fragilidades humanas. Tem momentos no filme que fiquei irritado com os personagens, com aqueles clichês tipo: ao invés de conversar com a esposa, o marido joga video game; a namorada está no chuveiro, o namorado atende o celular dela e descobre a traição. Mas pela proposta totalmente despojada do projeto, qualquer falha técnica, seja de diálogo, fotografia ou edição acaba passando batido. Realizar esse filme já foi um grande feito, ele tem muito boas qualidades, como filmar planos longos sem cortes, inserir muitos planos de São Paulo estilizada ( referências de "Manhattan", de Woody Allen"). e uma trilha sonora que ao invés de jazz, que seria óbvio, é recheada de brasilidades, como samba e chorinho, contrastando com a selva de pedra urbana.

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