domingo, 26 de abril de 2020
O assalto ao trem pagador
"O assalto ao trem pagador", de Roberto Farias (1962)
Obra-prima do cinema brasileiro, um dos mais aclamados filme de Roberto Farias, é baseado na história real do assalto ao trem pagador que fazia a rota Japeri e Paes Leme, no subúrbio do Rio de Janeiro, no ano de 1960. Ua quadrilha de 6 integrantes explodem com dinamite o trilho do trem e levam 27 milhões de cruzeiros, repartidos entre o grupo. Tião Medonho (Eliezer Gomes, excelente), chefe do grupo, diz a todos não gastarem mais do que 10 por centro do roubo pelo período de um ano para não chamarem atenção. Caso alguém o faça, será morto por Tião. Grilo (Rrginaldo Farias), o único do grupo que não mora em favela, conhece uma cocota (Helena Ignez) e passa a gastar todo o dinheiro com ela. Tião possui 2 famílias, que nem sabem a existência uma da outra: Zulmira (Luiza Maranhão), com quem Tião tem 3 meninos, e Judith (Ruth de Souza), com quem ele tem uma filha. Tião tem bom coração e guarda o dinheiro para o futuro dos filhos, além de ajudar na comunidade. A polícia, comandada pelo Delegado (Jorge Dória) tenta descobrir o paradeiro da quadrilha. No entanto, a cobiça, a cachaça (Grande Othelo se entrega ao vício) e a desconfiança termina por destruir o grupo.
A cena mais cruel e talvez antológica do filme seja a cena onde Grilo (Reginaldo Farias), ameaçado de morte por Tião, diz que ele jamais será como ele, que é branco, loiro e de olhos azuis: que ele pode gastar dinheiro sem chamar atenção. Já Tião, nem com todo o dinheiro do mundo, irá tirar a favela de dentro dele. É um momento de entendimento do País que é o Brasil, que privilegia os brancos. É uma cena dolorosa defendida com muita garra pelo excelente elenco. A curiosidade que mais me encanta é saber que o protagonista Elieser Gomes era na verdade um motorista de ambulância, e que foi escolhido para o papel de Tião após competir com outros 300 candidatos. Existe uma frase que é comum no meio artístico e que aqui funciona como uma luva: "Não é o Ator que busca o Personagem, É o Personagem que vai em busca do Ator.". E Tião encontrou o seu grande momento na 7a arte, imortalizado em um dos maiores filmes da história do cinema brasileiro. O filme foi todo rodado em locações reais, tanto na Estação de trem, quando na Favela da Mangueira, Coelho Neto e no Centro.
A fotografia, em preto e branco, é do mestre Amleto Daissé, fotógrafo de muitas obras-primas da Atlântida. A trilha sonora antológica e rica em ritmos é de Remo Usai.
O elenco, além dos grandes nomes citados, ainda tem Dirce Migliaccio, Wilson Grey, Átilo Iório, Clementino Kelé, Chica Xavier, Nelson Dantas, Oswaldo Louzada, nesse que é um dos maiores essambles nacionais.
A registrar: a linda cena de Grande Othelo sambando e cantando, que maravilha!
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