quinta-feira, 16 de abril de 2020

Milagre na cela 7

"Yedinci Kogustaki Mucize", de Mehmet Ada Öztekin (2019) Esse é o tipo de filme que causa discórdia entre Crítica e público. Enquanto boa parte da crítica desdenha do filme, acusando-o de ser novelesco, o público, com exceção da turma que não suporta melodramas, tem elogiado o filme exaustivamente. E eu faço parte desse 2o grupo. O filme sim, manipula o espectador da primeira à última cena. Mas melodrama funciona assim, provocando falsas expectativas! E isso o roteiro faz brilhantemente. Inclusive, o filme turco é um remake de uma comédia dramática sul coreana de 2013, de mesmo titulo. O sucesso foi tão avassalador, que outros remakes foram feitos em vários países: Índia Filipina, Indonésia. No caso do filme turco, os roteiristas tomaram a liberdade de alterar parte da trama. Logo na primeira cena, o filme já vai dar o indício de que iremos chorar muito dali em diante. No ano de 2004, quando a Turquia abole a pena de morte, vemos uma jovem vestida de noiva, ouvindo no rádio que o último homem a ser condenado à morte foi no ano de 1984. Imediatamente o filme volta 20 anos no tempo. Em uma cidade no litoral da Turquia, conhecemos Memo (Aras Bulut Iynemli), um jovem pastor que mora com sua avó e sua filha pequena, Ova (Nisa Sofiya Aksongur). Memo tem debilidade mental, e tem a inocência de uma criança. Pai e filha se amam de forma incondicional. Um acidente com a filha de um coronel, que cai da pedra, faz com que Memo seja acusado de ter matado ela. Levado ao presídio e condenado à forca, Memo fica impossibilitado de ver sua filha, que vai fazer de tudo para provar a inocência do pai. Enquanto isso, Memo divide sua cela com vários criminosos, que quando descobrem que ele matou uma criança, o espancam. O filme traz lindas mensagens sobre o amor da paternidade e principalmente, o poder de recuperação de pessoas criminosas. Mas se preparem: durante os 132 minutos do filme, vocês irão chorar pelo menos 2/3. O filme tem todos aqueles clichês sobre separação, reconexão, tolerância, mas realizados com muita maestria pelo diretor Mehmet Ada Öztekin, que une uma linda fotografia que separa o exterior e o interior do presídio em tons emotivos, e também da trilha sonora melancólica que por si só, já arranca lágrimas. Mas o filme não existiria sem a força de todo o elenco: desde os protagonistas até os coadjuvantes, todos passam por transformações, o que ajuda bastante o trabalho dos atores. O trabalho de Aras Bulut Iynemli como memo é absolutamente espetacular: carismático, o ator interpreta um complexo personagem que ficara muito fácil se tornar caricato, mas faz com bastante inteligência e economia. Os seus sorrisos, sua alegria, seus abraços são contagiantes. E a pequena Nisa Sofiya Aksongur é uma força da natureza, um personagem igualmente difícil, as realizado com muita verdade. O filme vai se tornar figurinha fácil de qualquer lista de filmes feitos para chorar e emocionar. Lingo Lingo!? Garrafas!

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