quarta-feira, 22 de abril de 2020
A queda
"A queda", de Ruy Guerra e Nelson Xavier (1978)
Único filme dirigido pelo ator Nelson Xavier, que dividiu a direção com Ruy Guerra. O filme é continuação do clássico do cinema novo "Os fuzis", de 1964. "A queda"acompanha Mário (Nelson Xavier), um ex-soldado que agora na cidade grande trabalha como operário nas obras do metrô, junto do seu amigo José (Hugo Carvana), que também largou a farda. Quando José sofre um acidente na obra e vem a falecer, o sogro de Mário, Salatiel (Lima Duarte), que é supervisor da obra, tenta abafar o caso, pois José estava sem equipamento de proteção. Mário é coagido por Salatiel para falar com a viúva e pedir para ela não processar a construtura. A esposa de Mário e filha de Salatiel, Lindalva (Isabel Ribeiro) no entanto, discute com seu marido e pede para ele reagir e não ser um boneco nas mãos de seu pai.
Misturando linguagem documental com imagens de "Os fuzis", o filme traz uma narrativa curiosa que era típica de filmes políticos dos anos 60 e 70: várias cenas são compostas de stills e narração dos personagens. principalmente nas reuniões dos empreiteiros, um simbolismo ao aspecto inumano dos poderosos.
O filme faz uma crítica muito cruel da tragédia que é o Brasil, que deixa correr solto casos de acidentes da trabalho defendendo os magnatas. Mário é um personagem que descobre tarde demais que foi usado como peça de um jogo sujo: tanto a imprensa, como os advogados, já estão todos concomunados com o Poder. O filme ainda explora a ditadura e o militarismo, em uma cena onde policiais procuram por Mário, acusado de ser subversivo.
O trabalho da câmera de Edgar Moura lembra os melhores trabalhos do craque Dib Luft, o mestre do Cinema novo. A canção de Milton Nascimento composta para o filme vai fundo no sentimento de tristeza e derrota. O filme tem um elenco de peso: Paulo Cesar Pereiro, Tonico Pereira. Robertp Frota, Helber Rangel, Maria Silvia e o cineasta Luiz Rosemberg FIlho. Destaque para duas cenas primorosas de ayuação: a de Isabel Ribeiro discutindo contra o seu pai e seu marido, e a cena final, de Isabel Ribeiro com Nelson Xavier, um monólogo maravilhoso e comovente.
O filme recebeu em 1978 o Urso de Prata do Festival de Berlin.
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