domingo, 12 de abril de 2020
São Bernardo
"São Bernardo", de Leon Hirszman (1972)
Clássico adaptado da obra literária de Graciliano Ramos, publicada em 1934. O filme concorreu no Festival de Cannes na Mostra Quinzena dos Realizadores e venceu um prêmio especial no Festival de Berlin em 1972. Protagonizado por Othon Bastos e Isabel Ribeiro, o filme se passa no Município de Viçosa, no Alagoas, nos anos 30 ( Graciliano Ramos nasceu em Alagoas e passou boa parte de sua vida em Viçosa, escrevendo algumas de suas obras).
Narrado em off por Paulo Honório, personagem de Othon Bastos, um rico fazendeiro, dono da fazenda são Bernardo. Paulo narra a sua trajetória desde que era um pobre e esforçado caixeiro viajante, e através de sua cobiça e ambição, comprou a decadente fazenda são Bernardo e a revitalizou. À medida que vai enriquecendo, Paulo vai se tornando um homem cada vez mais solitário e frio, desconfiando de todos, maltratando os amigos e empregados. Sentindo que está na hora de ter filhos para herdarem sua fazenda, Paulo conhece a professora Madalena (Isabel Ribeiro) e propõe casamento. Em princípio Madalena recusa o casamento, pois gosta de dar aula e tem outras prioridades na vida, como cuidar dos pobres e desassistidos. Acaba se casando, e aí começa um périplo existencial e emocional que destrói a relação: Madalena visita os vizinhos pobres e protege os empregados da fazenda, fazendo com que Paulo a considere uma comunista e acredita que ela o está traindo.
Othon Bastos está poderoso no papel de Paulo Honório, se transformando em um homem amargurado e violento. Othon ganhou o Kikito em Gramado em 1974. Isabel Ribeiro empresta o seu grande talento para a humanista personagem de Madalena. Mas a grande estrela do filme é a fotografia de Lauro Escorel: o filme, com raras exceções, é composto por rígidos enquadramentos fixos, com longa duração, sem coberturas. Reza a lenda que o filme tinha um orçamento apertado e foi recomendado filmar tudo em planos masters e não cobrir para economizar negativo. Se isso é verdade ou não, o fato é que transformou o filme em uma obra-prima de composição visual, complementada por músicas de Caetano Veloso.
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